Barros Gomes, na Câmara dos Deputados, pede ao governo a publicação de um Livro Branco sobre o Ultimato britânico.
Sob o peso triplo da cedência diplomática em relação à Inglaterra, da onda de manifestações populares de protesto patriótico e do desamparo político do outro partido monárquico, já que do republicano não seria lícito esperá-lo, ao Governo progressista resta somente uma saída — a
demissão.
Era a primeira consequência política do Ultimatum e a segunda vez na história de Portugal que caía um governo por motivos de política externa (a primeira tinha sido em 1879, quando do Tratado de Lourenço Marques).
Presente nas Cortes perante a Câmara dos Pares, o Governo progressista, pela voz de Barros Gomes —paladino do Mapa Cor-de-Rosa—, historiava os acontecimentos e justificava a atitude política do seu Gabinete:
a forma por que se precipitaram os acontecimentos tornou de todo
impossível suscitar nesta casa qualquer debate prévio que tivesse podido
esclarecer o Governo sob a melhor maneira de dirigir as negociações,
aliviando assim o fardo da responsabilidade a que ele vergava.»
Ouvido o Conselho de Estado, o Governo deliberou «convencido de
que, em face das circunstâncias, não podia seguir outro caminho [...] sem
comprometer mais gravemente os interesses da Nação
De qualquer modo Barros Gomes pede ao governo a publicação dum livro brando sobre o Ultimatum Britânico, o que em boa verdade toda a gente sabia que não seria possível a sua publicação, já que de algum modo, desde os partidos políticos à própria casa real, a ninguém interessava o esclarecimento desse assunto a questão era apenas saber como saír desta situação de cara menos suja.
Governo prevê a entrega do monopólio dos tabacos
Aquilo que, vinte anos antes, pareceria impossível, a ressurreição do
monopólio, acabou por passar em 1890 perante a passividade geral.
Afinal provara-se que aqueles que tinham defendido que a liberalização não conduziria
à concorrência estavam certos. De facto, quem notasse a atitude magnânima
dos senhores do tabaco em relação à extinção do monopólio não
teria tido dúvidas de que, dentro em pouco, tudo voltaria à anterior situação.
Com ou sem a intervenção do Estado, o monopólio era o destino natural
dos tabacos. Num país pequeno e pobre bastou a força das coisas para
que a concorrência desaparecesse.
Em 1890, depois de uma curta fase de gestão directa, o Estado entregava
o monopólio a privados, por um período excepcionalmente longo, até 1906
Fonte: Maria Filomena Mónica
Negócios e política: os tabacos (1800-1890)
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