- Agravamento da situação financeira
A melhoria da situação financeira do País em que Mariano de Carvalho, ministro da Fazenda apostava não acontecia, pelo contrário não parava de se degradar, dizia ele "restabeleça-se amanhã o câmbio do Brasil e a nossa situação económica evidentemente melhorará".
Em vez de melhorar o câmbio brasileiro piorou, arrastando a desvalorização da nossa moeda, rapidamente a cotação da libra triplicou, agravando enormemente o deficit orçamental.
Dificuldades em honrar os compromissos da dívida publica e em socorrer alguns bancos, companhias ferroviárias e coloniais que se encontravam à beira da falência, são evidentes.
A baixa das exportações dos produtos agrícolas e a elevação dos compromissos externos do Estado e das empresas privadas, bem como o crescimento das importações, compunham o quadro negro da degradação financeira.
Embora não se tivesse chegado à situação de bancarrota, o público reagiu activamente, obviamente instigado pela oposição, correndo em massa aos depósitos bancários e à conversão das notas.
O Banco de Portugal ficou sem reservas e os outros Bancos acabaram por suspender os pagamentos, que levou o Governo a impor o curso forçado das notas, que haviam no decorrer deste ano de 1891 desvalorizado em mais de 10%.
Pior que tudo isto é a doença de Lopo Vaz, a sua diabetes foi acolhida no meio político como uma verdadeira calamidade, levando ao desentendimento entre ministérios, tal a sua influência.
João Crisóstomo contudo desconfia que para além da doença , preparam-se os amigos de Lopo Vaz, para a coberto da crise instalada, avançar para um solução de remodelação exclusivamente Regeneradora.
- Demissão e nomeação de João Crisóstomo-1891
Perante o agravamento da crise financeira o governo de João Crisóstomo apresenta a sua demissão.
Como habitualmente o rei, consulta por escrito José Luciano dos Progressistas e António de Serpa do Partido Regenerador, para além de Lopo Vaz, militante Progressista da chamada Unha Negra a ala esquerda desse partido, com quem El-rei habitualmente se correspondia.
A distribuição de forças políticas mantinha-se inalterável. com maioria Regeneradora na Assembleia, muito embora o governo agora demitido tivesse uma maioria de pastas atribuídas a membros do Partido Progressista.
Os principais partidos não queriam novas eleições, os Regeneradores tinham a maioria, os Progressistas sabiam que novas eleições, podiam alterar toda a situação e ambos tinham medo, do que poderia acontecer com uma maioria do partido Republicano, que todos temiam.
D.Carlos assumiu então a tarefa de organizar um novo governo, chegando a elaborar um novo elenco ministerial, chamando o visconde de São Januário, para o chefiar.
Este bem depressa deixou claro que para ele não bastava a nomeação régia, precisava da bênção dos partidos políticos. Um dos nomes ministeriáveis para D.Carlos era o de Lopo Vaz, que por sua vez impunha como condição também a entrada de Mariano de Carvalho, outro radical, mas bem relacionado nos meios empresariais e que dizia ter planos financeiros para salvar o Estado.
Assim de imediato de esfumou a hipótese São Januário. Mariano de Carvalho era uma personalidade um pouco controversa, oscilando entre o Partido Progressista e Regenerador, era porém muito popular em Lisboa, colocando desde logo como condição para entrar no governo a "comutação das penas dos do Porto", aludindo aos revoltosos de 31 de Janeiro.
O rei mostrava-se intransigente com o nome de Mariano de Carvalho e Lopo desistiu.
Colocada então a hipótese de novo governo de António de Serpa, que propunha uma solução exclusivamente Regeneradora, embora admitisse chamar alguns progressistas "honestos". Lopo Vaz volta a jogar no escuro e convence João Franco, um dos nomes escolhidos por Serpa, a exigir também a entrada de Mariano de Carvalho, o que naturalmente desagradou a António de Serpa.
Finalmente a 21 de Maio de 1891, conseguiram que João Crisóstomo aceitasse ser reconduzido,num governo com Lopo Vaz no Ministério do Reino e Mariano no da Fazenda.
Lopo não se conteve terá dito "comi o Serpa e o José Luciano", mas na verdade também havia apanhado o rei. O novo governo ficou então assim constituído
Lopo Vaz de Sampaio e Melo substitui António Cândido no reino e passa a exercer a pasta de ministro da instrução pública, então restaurada.
Alberto António de Morais de Carvalho substitui António Emílio Correia de Sá Brandão na Justiça.
Mariano de Carvalho substitui Augusto José da Cunha na Fazenda.
Júlio de Vilhena substitui António Enes na Marinha e Ultramar.
Conde de Valbom substitui José Vicente Barbosa do Bocage nos Estrangeiros.
João Franco substitui Tomás Ribeiro nas Obras Públicas
Os apoios da Fazenda, a empresas privadas, em especial a Companhia dos Caminhos de Ferro, são o mote, para a queda de Mariano de Carvalho na remodelação que se irá seguir.
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