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terça-feira, 26 de abril de 2011

Paiva Couceiro impõe a soberania no Cubango



(Henrique Paiva Couceiro)

No tempo em que Silva Porto, chegou a África depois de ter estado no Brasil, ainda as expedições portuguesas tinham uma caracterização meramente aventureira.Foi Silva Porto por certo o primeiro que intentou a travessia de África em 1853 acompanhando mercadores árabes.

Numa segunda fase após a década de 70 as expedições passam a ter uma maior motivação política, no contexto da corrida a África para assegurar territórios.

Embora pequeno país periférico, Portugal, não deixou de entrar na corrida que a partir de 1870 os imperialismos britânico, francês, belga e alemão, encetaram pelo domínio comercial e político daquele continente.

Uma das "borbulhas" que havia incomodado os ingleses e que tinham contribuído para a consumação do já referido Ultimato, foi por certo a corrida ao Barotse, região intermédia entre o Bié e o Zumbo, pois perante os rumores do envio de uma embaixada inglesa à região, o governo português preparou uma expedição porque, segundo afirmava, "era necessário chegar antes"dos ingleses.

Foram efectuados acordos com vários sobas, quer comerciais quer políticos para que reconhecessem a soberania portuguesa, colocando os seus territórios sob o protectorado português, admitindo missões religiosas e científicas, e aceitando a instalação de uma força militar.

Em 1890, Paiva Couceiro, encarregue de uma missão naquela zona, deu início, no meio do percurso, à construção de um forte em Belmonte, indispondo-se com o rei do Bié que intimou os portugueses a retirarem, que nem os bons ofícios de Silva Porto que já habitava a região há décadas, conseguiu demover e que acabou por o levar ao suicídio.

Apesar da resistência de Paiva Couceiro, a expedição ao Barotse foi interrompida, por efeito do Ultimato, ao mesmo tempo que os seus efectivos, eram encaminhados para o Cubango.

Não foi contudo, muito longa a espera, ainda antes do final do ano de 1890, já Couceiro realizava a exploração do Bailundo ao Mussulo, impondo a soberania portuguesa em toda a região do Cubango em Angola.

Era a tentativa de defender o avanço britânico.

Regressado ao Bié, participou, com as forças de Artur de Paiva, na expedição punitiva que terminou na prisão e deposição do soba Dunduma (ou N’Dunduma) que o ameaçara seis meses antes e na completa subjugação do reino do Bié.

Estava vingado o insulto que lhe fora feito e a morte de Silva Porto.

Terminada aquela operação, ainda foi encarregado de ir avassalar os povos da região da Garanganja e explorar os depósitos de sal-gema existentes na margem esquerda do rio Cuanza.

Terminada mais esta operação, voltou a Belmonte, no Cuito, onde se recolheu doente com febres. A 17 de Fevereiro de 1891, o Ministério da Marinha e Ultramar deu por terminada a sua comissão de serviço ultramarino e ordenou o seu regresso a Portugal.

1º de Maio em Portugal em 1890



(August Spies um dos enforcados em Chicago)

No dia 1º de Maio de 1886, 500 mil trabalhadores saíram às ruas de Chicago, nos Estados Unidos, em manifestação pacífica, exigindo a redução da jornada para oito horas de trabalho. A polícia reprimiu a manifestação, dispersando a concentração, depois de ferir e matar dezenas de operários.

Não é uma simples data que se comemora, deste incidente resultou a prisão de oito líderes do movimento. Quatro foram condenados à morte por enforcamento e os restantes a prisão perpétua.

Em 1890, o Congresso americano vota a lei que estabelece a jornada de oito horas de trabalho e três anos mais tarde, depois da reabertura do processo que levou à condenação dos oito operários, conclui-se que a bomba que explodiu em Chicago tinha sido colocada pela própria polícia.

Em Julho de 1889, o Congresso Operário Internacional, reunido em Paris, aprovou por proposta do socialista Jules Guesde a instituição do 1º de Maio como data universal para as classes trabalhadoras confraternizarem e reivindicarem o dia normal de oito horas, em homenagem aos mártires de Chicago.

O operariado português também saiu a rua, como aconteceu em muitos outros países, reclamando a redução da jornada de trabalho no dia 1 de Maio de 1890. A iniciativa foi conduzida pela Associação dos Trabalhadores da Região Portuguesa e decorreram em Lisboa e no Porto.

D.Carlos não passou esse dia em Lisboa, saiu para Vila Viçosa a 30 de Abril, regressando no dia 2 de Maio.

Naquele dia do século XIX trabalhadores de todo o mundo responderam à convocação da jornada de luta internacional por melhores condições de vida. E dessa forma homenagearam os mártires de Chicago.

Não se pense contudo que estas foram as primeiras manifestações de "luta operária" em Portugal, segundo José Mattoso, entre 1852 e 1910 realizaram-se 559 greves no nosso país. A subida dos salários, a diminuição da jornada de trabalho e a melhoria das condições de laboração eram as principais exigências dos operários.

Por curiosidade, no dia 4 de Maio, realiza-se em Lisboa um comício operário na Rua Nova da Piedade, onde se falou de Karl Marx.

Abril de 1890-Um mês violento

As eleições de 30 de Março não haviam trazido alterações substancias, afinal os regeneradores voltaram a ganhar a maioria dos assentos na Assembleia Nacional, confirmando o governo do seu líder Serpa Pimentel.

Uma alteração apenas foi produzida no seu gabinete governamental, com a criação do Ministério da Instrução Pública e Belas Artes, transferindo para a responsabilidade ministerial João Marcelino Arroio da pasta da Marinha e Ultramar, onde foi substituído por Júlio de Vilhena.

João Arroio, havia fundado 10 anos antes ainda estudante de Direito em Coimbra o Orfeon Académico de Coimbra, o mais antigo coro português em actividade e seguramente um dos mais antigos da Europa.

Muito embora a confirmação pelo voto nas urnas , da partido do governo, o certo é que a agitação nas ruas e na imprensa afecta aos partidos da oposição não abrandou.

Optou-se então pelo endurecimento, com a publicação de uma nova "Lei das Rolhas" (datava de 1850 a original) pela mão do Ministro da Justiça, Lopo Vaz de Sampaio e Melo, onde se decretavam medidas severas contra a imprensa, que poderiam levar à supressão dos jornais em caso de reincidência .

O Governo pela mesma altura (estávamos em Abril), também decidiu aumentar os efectivos da Guarda Municipal e os vencimentos dos seus membros, numa clara atitude de musculação do regime.

Claro que a imprensa Progressista não se calou considerando que "o governo abolira todos os princípios da Carta Constitucional", mas não excluindo o Rei dos seus ataques perguntando "porque reina o sr. D.Carlos I em vez de D.Miguel II ? (Jornal o Dia em 9-4-1890), numa clara confrontação comparando-o ao herdeiro da linha dinástica absolutista.

A 10 de Abril de 1890, o Rebate um jornal dos estudantes do Porto, tinha publicado em destaque "MORRA O REI" e "O REGICÍDIO PASSA A SER UM DIREITO"

No dia seguinte Guerra Junqueiro publica o Finis Patriae, onde a figura do Rei é ridicularizada, como por exemplo no poema

Papagaio real diz-me quem passa ?
El-rei D.Simão que vai à caça

onde diz na última estrofe

Papagaio real diz-me quem passa ?
É alguém que foi á caça
do caçador Simão

Uma clara alusão ao regicídio.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Acontecimentos o ano de 1890

Actas da assembleia da Câmara dos Pares
Breve resumo da evolução da Câmara dos Pares

Câmara dos Pares do Reino - 1826-1838

A Câmara dos Pares, instituída em 1826 pela carta constitucional, iniciou um novo modelo parlamentar em Portugal: o modelo bi-camaral. A par da Câmara dos Deputados, surge assim uma segunda Câmara, cujos membros, os Dignos Pares do Reino eram de nomeação régia "vitalícios e hereditários". Por esta Câmara passava obrigatoriamente qualquer iniciativa legislativa, sendo ainda sua competência exclusiva a constituição em Tribunal de Justiça, para julgamento de membros da família real, ministros e secretários de estado, bem como deputados e pares.

Câmara dos Senadores - 1838-1842

A Câmara dos Senadores é instituída pela Constituição de 1838, sucedendo à Câmara dos Pares. A Câmara dos Senadores era electiva e temporária, sendo o número dos Senadores igual à metade dos deputados existentes.
Os Senadores herdaram as competências da Câmara dos Pares, sendo obrigatório o seu parecer para aprovação de iniciativas legislativas, e constituindo-se como Tribunal de Justiça.
A Câmara dos Senadores teve uma curta duração, sendo extinta em 1842. No entanto a sua actividade foi extensa, tendo promulgado 195 cartas de lei.
À Câmara dos Senadores coube ainda a inspecção do Palácio das Cortes, sendo responsável pelo seu funcionamento.

Câmara dos Pares do Reino - 1842-1910

Após a revolta de Costa Cabral em 1842, é instaurada novamente a carta constitucional, sendo restaurada a Câmara dos Pares do Reino.
Com sessão inaugural a 10 de Julho de 1842, a Câmara dos Pares irá dar início às suas sessões, as quais só vão ser interrompidas pela revolução republicana de 1910.
O número dos seus membros e forma de constituição foi variando ao longo dos tempos, existindo:

* pares por direito próprio (príncipe real, infantes e pariato eclesiástico) de 1842 a 1910;

* pariato hereditário (abolido de 1885 a 1895);

* sistema misto de nomeação régia de 2/3 dos membros e 1/3 de membros eleitos em eleição indirecta por um período de 6 anos (1885 a 1895).

A Câmara dos Pares, para além das suas funções legislativas, reunia-se também em Tribunal de Justiça.

Da acta da Assembleia da Camara dos Pares do dia 21 de Abril de 1890, pode ler-se a transcrição das seguintes ocorrências

* A morte de Andrade Corvo


O sr. Presidente: - Durante o interregno parlamentar teve a camara a infelicidade de perder cinco dos seus membros: os srs. João de Andrade Corvo, Marquez de Vianna, Visconde de Seisal, Antonio Florencio de Sousa Pinto e Barão de Ancede.

Sabe toda a camara que o sr. Andrade Corvo tinha a nossa estima e a do paiz, não só pelas suas excellentes qualidades, mas pelos seus relevantes serviços prestados á patria; e a minha voz é pequena, muito pequena, para poder fazer a apologia d'este grande homem d'estado. Foi por isso summamente dolorosa a perda para o paiz d'este benemerito cidadão. A camara de certo quererá que se lance na acta de hoje um voto de profundo sentimento pela perda de tão digno collega, (Muitos apoiados.) e que se proceda pela mesma fórma para com os outros dignos pares que a camara teve a infelicidade de perder. (Apoiados.)

Em vista d'esta manifestação é inutil fazer qualquer proposta n'este sentido. (Apoiados.) Será, pois, lançado na acta um voto de profundo sentimento pelo fallecimento dos referidos dignos pares, e esta resolução será communicada ás familias dos finados.

O sr. Presidente do Conselho de Ministros (Serpa Pimentel): - Pedi a palavra para declarar que o governo se associa inteiramente á manifestação de sentimento apresentada por v. exa. e pela camara, pelo fallecimento dos dignos pares a que v. exa. se referiu.

O sr. Barros Gomes: - É para fazer igual declaração á do sr. presidente do conselho.
Tambem eu, sr. presidente, me associo completa e inteiramente á manifestação que a camara acaba de fazer em homenagem á memoria dos dignos pares fallecidos e especialmente do sr. Andrade Corvo, que foi respeitado pela Europa, conhecido por uma das intelligencias mais sobustas do nosso paiz, e considerado como uma das nossas glorias.
No desempenho dos mais elevados cargos do estado, Andrade Corvo revelou sempre as maiores e melhores aptidões.

Os seus trabalhos, para que fosse acatada a importancia do nosso dominio colonial em Africa, sobrelevam pela sua importancia a quasi tudo o que n'este genero se tem feito e são exemplos que todos os seus successores têem de seguir, interessando a quantos se occupam dos nossos negocios e interesses coloniaes.

Pode se ter divergido mais de uma vez das opiniões e dos actos do sr. Corvo. Póde-se ter considerado o problema colonial e a sua resolução de um criterio diverso do seu, mas é de justiça dizer que ninguem ainda n'este paiz levantou mais alto o nome portuguez no nosso dominio africano do que o sr. Andrade Corvo. Não esqueço quanto outros vultos tambem eminentes se distinguiram no mesmo empenho, porém é certo que Andrade Corvo ficará assignalado entre elles.
É por isso e pela elevação do seu patriotismo, que s. exa. deixa a todos nós e ao paiz uma vivissima saudade.
N'estas circumstancias eu não podia nem devia deixar de levantar a minha voz em meu nome, e creio poder dizel-o, em nome de todos os que partilham n'esta casa as minhas convicções politicas, para me associar á manifestação da camara.

* Novos pares na Câmara


O sr. Sequeira Pinto: - Mando para a mesa um diploma passado pelo collegio eleitoral de Coimbra na eleição de pares do reino.

O sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros (Hintze Ribeiro): - Sr. presidente, eu pedi a palavra, como par do reino e não como ministro, por isso se v. exa. ma quizer dar na altura da inscripção, eu usarei então d'ella, quando me chegar opportunidade.

O sr. Presidente: - Tem v. exa. a palavra.

O Orador: - Como v. exa. quizer. Mando pois para a mesa a carta regia que eleva á dignidade de par do reino o sr. Lopo Vaz de Sampaio e Mello, e o diploma passado pelo collegio eleitoral de Beja ao sr. Marçal Pacheco.

O sr. Mexia Salema: - Mando para a mesa o diploma que eleva á dignidade de par do reino o sr. Antonio Emilio Correia de Sá Brandão, pelo districto de Castello Branco, e o do sr. conde d'Avila pelo districto de Villa Real. Peço a v. exa. que os mande á commissão de verificação de poderes, logo que ella se ache eleita e constituida.

O sr. José Horta: - Mando para a mesa o diploma passado pelos estabelecimentos scientificos, que eleva á dignidade de par do reino o sr. Augusto José da Cunha.

O sr. Gusmão: - Mando para a mesa o diploma do sr. Bernardino Machado.

O sr. Pereira de Miranda: - Mando para a mesa o diploma que eleva ao pariato, pelo districto de Vizeu, o sr. Bandeira Coelho de Mello.

O sr. Francisco Costa: - Mando para a mesa a carta regia, que eleva á dignidade de par do reino o sr. Julio de Vilhena, e os diplomas de par do reino dos srs. visconde de Castro Solla e Jeronymo Pimentel.

O sr. Placido de Abreu: - Mando para a mesa o diploma do sr. Francisco Augusto de Oliveira Feijão, eleito pelo circulo de Portalegre, para v. exa. lhe mandar dar o destino conveniente.

O sr. Presidente: - As cartas regias que foram mandadas para a mesa, assim como os differentes diplomas, serão remettidos ás commissões de verificação de poderes. Se a camara quer eleger hoje essas commissões, poderemos elegel-as, se a camara não quizer, poderão ficar para a sessão de ámanhã para a ordem do dia, ou para quando houver sessão.

António José de Almeida publica um artigo com o título Bragança o último


O Partido Republicano Português

(Guerra Junqueiro)

Sendo naturalmente herdeiros do jacobinismo da Revolução Francesa de 1789,o PRP, fora fundado em 1876 a 25 de Março, num jantar para saudar a consolidação do republicanismo em França,mas só começa a ter alguma expressão, após o ultimato inglês, muito embora alguns raros deputados fossem penetrando no parlamento monárquico, que bem embaraçados aliás ficavam por terem de prestar juramento de fidelidade à coroa e à religião católica.

Note-se que até á data do Ultimato, nunca o PRP, teve mais do que 2 deputados, que bem revelava a sua fraca adesão popular.

O anti britanismo, será doravante um elemento indispensável, no entendimento da formação ideológica republicana, ódio muitas vezes cantado por Guerra Junqueiro contra " a cínica Inglaterra, a bêbada imprudente, que roubava as nações pequenas, vendia bíblias aos negros e trocava o Deus dela por borracha e marfim (poema "A Inglaterra" no livro Finis Patriae, 1890)

O programa do P.R.P. resumia-se a reivindicações de carácter exclusivamente político: igualdade (civil e política); liberdade em todas as suas manifestações; governo do povo pelo povo; justiça democrática. Na verdade o republicanismo é tão só um liberalismo que, buscando incorporar uma mística patriótica, ou remoçá-la, concebe a «ideia dum ressurgir da pátria portuguesa» mediante um «governo do povo pelo povo».

Em Coimbra a 20 de Março, um jornal de estudantes publicou um artigo de António José de Almeida com o título "Bragança o último", onde dizia para "o último animal de Bragança de devia "Metê-lo numa das gaiolas centrais do Jardim Zoológico, fazer-lhe ali uma cama de palha e deixá-lo dormir muito tranquilo e muito descansado", que foi considerado insultuoso, valendo-lhe 3 meses de prisão.

Genericamente os republicanos nesta altura, acusavam o rei de não ter assumido pessoalmente o movimento de protesto contra a agressão inglesas, que teria conseguido congregado em seu redor todos os partidos. Em vez disso a sua distância, fizeram dele o rosto da cedência e da passividade.

Na sua ascensão, o republicanismo começou a tornar-se um partido transversal a toda a sociedade, adeptos de todas as classes da sociedade liberal, até mesmo o proletariado, inicialmente mais perto do socialismo, começara a aderir ao republicanismo, bem como proprietários agrícolas como José Relvas, professores universitários, como José Falcão, Teófilo Braga, etc.advogados, médicos, professores, todas as classes da sociedade liberal convergiram a partir daquela data para a solução republicana.

Porém e para além de todas as adesões a questão mais importante consistia no controlo que era exercido por dentro do PRP, pela Maçonaria na pessoa do seu líder e também Grão-mestre José Elias Garcia.

Entidade há muito presente, até aos dias de hoje, na sociedade portuguesa também tinha como iniciado Maçónico José Luciano de Castro, líder do partido progressista, bem como Pinheiro de Melo, alta figura do Grande Oriente Lusitano, presidia á influente Associação dos Lojistas, que funcionou como um dos centros de agitação patriótica em Lisboa.

A Maçonaria era pois o traço comum de união entre a esquerda constitucional.

sábado, 9 de abril de 2011

Eleições de 30 de Março de 1890




(Latino Coelho)

A efervescência política, não terminou com a nomeação do governo de António de Serpa Pimentel, pois o combate político partidário não dava tréguas, sendo o governo obrigado a reagir, perante a convocação de marchas e comícios para Lisboa no dia 11 de Fevereiro, convocado pelo Partido Republicano para a Rua da Palma perto do Martim Moniz.

Pôs os quartéis de prevenção, fez a Guarda Nacional ocupar todos os pontos centrais de Lisboa e proibiu todas as manifestações, que não deixaram por isso de evitar escaramuças, e cerca de 200 presos, entre as quais Manuel de Arriaga, que viria ser meses depois eleito deputado e mais tarde presidente da Republica.

O governo em 10 de Abril dissolve os centros republicanos, na sequência de no mês anterior ter promulgado o direito de associação.

Ao dissolver a Camâra dos Deputados D.Carlos havia dado aos Regeneradores a possibilidade do Governo promulgar leis por decreto sem a prévia aprovação do parlamento, estava instalada a "ditadura", de que aliás, três anos antes, tinham sido os Progressitas a usufruir de poderes semelhantes.

Foram então marcadas eleições para o dia 30 de Março de 1890, sendo o seguinte o seu registo, ocorrendo em clima de grande violência, que provocaram 10 mortos e mais de 40 feridos.

5 049 729 habitantes no continente e ilhas. 1 315 473 cidadãos masculinos maiores de 21 anos. 951 490 eleitores (18,8% da população total; 72,3% da população masculina maior de 21 anos). 169 deputados. 79 por círculos uninominais no continente. 58 por círculos plurinominais no continente, um círculo por cada sede de distrito. 4 por círculos plurinominais nas ilhas. 12 pelo ultramar. 6 deputados por acumulação de votos.

Vitória dos governamentais regeneradores. 115 deputados pelo continente e ilhas. Esquerda Dinástica desaparece e apoia o governo regenerador. 33 deputados progressistas pelo continente e ilhas. 3 deputados republicanos (Elias Garcia, Latino Coelho, Manuel de Arriaga), todos por Lisboa, com o apoio dos progressistas, em lista de protesto.
(retirado de http://www.iscsp.utl.pt/cepp/eleicoes_portuguesas/1890.htm)

A estratégia do Partido Progressista em Lisboa, foi o de manifesto apoio ao Partido Republicano, de modo a poder declarar o resultado como "um desastre para a monarquia", pois como diziam alguns republicanos, era afinal o Partido Progressista despeitado que soprava os "ventos da revolta".

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Nomeação do seu 1ºGoverno Regenerador



(António de Serpa Pimentel)

O governo regenerador de Serpa Pimentel nomeado pelo rei, viu-se desde logo confrontado com uma opinião pública descontente com a atitude de Inglaterra, mas com necessidade de agir com diplomacia sob pena de pôr em risco a soberania portuguesa em Angola e Moçambique.


António de Serpa Pimentel no parlamento, prometeu esforços para a "defesa da maior quantidade possível dos nossos interesses no ultramar, e para defesa completa da nossa dignidade", Traduzido para linguagem comum esta expressão, reflecte a ideia principal de toda a gente, "como ceder salvando a face".


O próprio rei D.Carlos um ano depois em carta dirigida ao seu tio, filho da rainha Vitória, diz que o que lhe interessava era "poder conseguir da Inglaterra não muito, mas apenas o suficiente para dar satisfação ao chauvinismo de muitas pessoas". Curiosamente em resposta o próprio Príncipe de Gales também lhe diz " é preciso que notes que nós também temos que lidar com uma opinião pública que apesar de melhor instruída, é igualmente exigente.


Em última análise, à diplomacia inglesa também não interessaria muito , "apertar" demais com o governo português, para não por em causa a coroa portuguesa, atendendo aos "ventos da ideologia republicana" que sopravam por toda a Europa.

Já em 1885 acontecera situação idêntica entre a Alemanha e a Espanha, em relação à posse das ilhas Carolinas em que os distúrbios ocorridos em Madrid, levantaram muitas vezes a possibilidade duma revolução republicana ocorrer, que só a arbitragem do papa Leão XIII, por indicação do ministro alemão Bismark, resolveu em apoio à Espanha.

Era afinal tudo uma questão de aparências.
Em Portugal, nitidamente as reacções discordantes não aconteciam por amor ás colónias, mas apenas por ódio á Inglaterra. como igualmente aconteceu em Espanha, pois em 1899 quando a Espanha decidiu vender as ilhas Carolinas aos alemães, tudo decorreu dentro da maior indiferença popular.

António de Serpa Pimentel, nascido em, Coimbra, doutorado em matemática pela Universidade de Coimbra, era na ocasião o líder do Partido Progressista, após a morte de Fontes Pereira de Melo. Havia desempenhado várias funções ministeriais e políticas, entre ela a de presidente do Tribunal de Contas, até ser nomeado chefe do Governo pelo rei D.Carlos em 13 de Janeiro de 1890

O Ultimato Inglês-Os dias seguintes



(Henrique Barros Gomes)

O rei convocou de imediato, para o dia seguinte o Conselho de Estado, para se debater a resposta a dar ao ultimato inglês. Se quanto á resposta a dar não havia dúvida de qual seria, a preocupação dominante de todas as forças politicas envolventes, foi a de como salvar a face e se possível ganhar dividendos, assacando culpas a terceiros e alijando responsabilidades.

Nesse dia o D.Carlos, não se pronunciou, limitou-se a ouvir as opiniões e os argumentos evocados, certo de que para além das várias nuances políticas , a resposta só podia ser a da aceitação das exigência inglesas.


O partido Regenerador "esquecido", que a intenções sobre o alargamento da influência portuguesa em África com a criação do mapa cor-de-rosa lhe havia pertencido insinuava que a questão tinha começado, devido á política germanófila de Barros Gomes, o ministro Progressista dos Negócios Estrangeiros do governo de Luciano de Castro, argumentando que uma vez demitidos os progressistas, voltariam as boas relações com os ingleses.


O governo insiste, no ponto de vista que é ao conselho de Estado que cumpre decidir a resposta a dar, como forma evidente de responsabilizar igualmente os regeneradores que ali tinham assento, enquanto espalhavam a ideia que uma armada inglesas se preparava para atacar Lourenço Marques.


A submissão à Inglaterra foi conhecida na manhã de 12 de Janeiro e nessa mesma noite a multidão em Lisboa, enfurecida apedrejou a casa de Barros Gomes e o consulado inglês, mas curiosamente no resto do País nada se passou.

O último acto político de Barros Gomes foi o pedido de desculpas ao representante inglês em Portugal, já que no dia 13 de Janeiro de 1890, Luciano de Castro anunciou na sede do partido que havia pedido a demissão.


No dia 14 do mesmo mês foi anunciado um novo governo presidido por António de Serpa, contra a vontade dos Progressistas que teriam preferido a nomeação dum "governo nacional", independente que deixasse intacta a sua maioria no Parlamento,

Desta forma a nomeação deste governo Regenerador, deixava antever para breve a inevitabilidade de novas eleições.

O ultimatum inglês



(O mapa cor-de-rosa)

O reinado de D.Carlos I não começou bem, sob o ponto de vista das dificuldades políticas que se lhe iriam deparar e que haveriam de determinar a sua queda.


O que viria a denominar-se como a "questão inglesa" contudo, havia começado pelo menos 10 anos antes do início do seu reinado, tendo como origem a orientação política de João de Andrade Corvo, ministro dos Negócio Estrangeiros dos governos de Fontes Pereira de Melo em 1871/77 e em 1878/79 e depois ministro da Marinha e do Ultramar em 1879, que se propôs fazer de Goa e de Lourenço Marques portos ao serviço do império britânico.

A estratégia de Andrade Corvo assentava em três princípios
  • Portugal tem que ter uma visão realista das suas possibilidades e recursos, contrariando as ideias que pretendiam "supor nossa toda a Africa Central e Austral de um a outro mar".Em 1883 quando Andrade Corvo defendia este ponto de vista já tinham surgido as primeiras versões do "mapa-cor-de-rosa", assim denominado por ser assim colorida a área de terreno situado entre os territórios de Angola e Moçambique.
  • Mesmo assim só confinado aos territórios de Angola e Moçambique, Portugal só conseguiria ocupar e desenvolver as suas colónias se se abrir aos capitais e á emigração estrangeira.
  • Defendia igualmente a manutenção da aliança inglesa, explorando-a ao máximo atendendo a que "Portugal sendo uma potência de segunda ordem na Europa, além de um bom governo, boa política e boa administração, precisa de boas alianças.
A oposição Progressista, considerava que esta política como de enfeudamento á Inglaterra, envolvendo nesta acusação o governo de então e a própria coroa.

Contudo uma vez no poder os Progressistas, entre 1879 e 1881, prosseguem os planos de Corvo, invertendo-se os papéis passando os Regeneradores a devolverem-lhes a acusação de traição.

São os meandros habituais da política.


A "questão inglesa" tornou-se assim numa arma de arremesso entre partidos.


Os vários desenvolvimentos acontecidos em torno desta questão aconteceram no reinado anterior.


As variadas mudanças de atitude de Portugal, onde raramente aconteceram procedimentos coerentes, com a atitude realista de Andrade Corvo, fez com que a Inglaterra tenha perdido por completo a paciência para com "uma pequena potência muito irritante que só reage a ameaças" segundo dizia Lord Salisbury o primeiro-ministro, decidiu-se por uma demonstração de força.


Em 11 de Janeiro de 1890 o governo inglês envia uma célebre nota ao governo português que não só faz deitar por terra o sonho de alguns em constituir a África Meridional Portuguesa, assinalada no "Mapa Cor de Rosa"


Com efeito o Governo inglês. exige nessa nota "que se enviem instruções telegráficas imediatas para que todas e quaisquer forças militares portuguesas actualmente no Chire e nos países dos Mokololos e Machonos* se retirem" e ameaça ainda que, se uma resposta satisfatória não for dada pelo governo português nessa mesma tarde, a delegação inglesa em Lisboa, abandonará o nosso País imediatamente.


*actual Malawi





  • Dezembro,07-Chega a Lisboa o Imperador do Brasil D.Pedro II, deposto no dia 15 de Novembro, por golpe militar republicano

D.Pedro II chega a Lisboa acompanhado de toda a família imperial. Hospeda-se no Hotel Bragança em Lisboa. Este Hotel era o ponto de encontro de muitos intelectuais portugueses no tempo, como o escritor Eça de Queirós.

D. Pedro II partiu pouco depois para o Porto onde ficou hospedado no Grande Hotel desta cidade, onde a imperatriz D.Teresa viria a falecer.

Durante toda a viagem marítima que conduziu a Família Imperial ao exílio, D. Teresa esteve em estado de choque, entorpecida pelo tratamento rude que os republicanos dedicaram à dinastia deposta. Ao embaixador da Áustria presente no embarque, perguntou: "Que fizemos para sermos tratados como criminosos?" No desembarque em Portugal retirou-se para um hotel simples, na cidade do Porto, onde sentiu-se mal.

Um médico chamado à pressa nada pôde fazer. Suas últimas palavras teriam sido: "Brasil, terra abençoada que nunca mais verei". Foi sepultada no Panteão de São Vicente de Fora, de onde seus restos foram trasladados para o Mausoléu Imperial da Catedral de Petrópolis no Brasil


  • Dezembro,11-O governo britânico declara não permitir que os seus direitos fossem postos em causa, na questão do Mapa Cor-de-Rosa.

sábado, 2 de abril de 2011

Acontecimentos no ano de 1889

  • O nascimento e baptismo do infante D.Manuel

Desde o princípio de Novembro que o Paço Real se encontrava de prevenção, devido à gravidez adiantada da rainha D.Amélia de Orleans. Chamara-se de Borba o dr.Ramos de Abreu, que assistira a rainha, quando ela estava em Vila Viçosa..

Pelas 6 horas da manhã do dia 15 de Novembro, foi anunciado o nascimento do jovem príncipe. De imediato foi baptizado sendo lhe dado o nome de Manuel Maria Filipe Carlos Amélio Luís Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis Eugénio de Bragança Orléans Sabóia e Saxe-Coburgo Gotha.

A cerimónia foi presidida pelo cardeal-patriarca D.José Sebastião Neto e foi muito íntima, contando apenas com a família em respeito pelo luto da morte de seu avô D.Luís.

O baptizado solene só viria a realizar-se a 18 de Dezembro, no Palácio de Belém, já com a presença do avô materno e do Imperador do Brasil deposto D.Pedro II, que entretanto chegara a Lisboa alguns dias antes e a restante família e nobreza. Muito embora ainda o luto se mantivesse, o governo considerou o dia de grande gala, com tolerância de ponto e iluminações

A madrinha foi a sua avó paterna D.Maria Pia de Sabóia e o infante D.Afonso seu tio, em representação do avô materno o conde de Paris, que foi o padrinho.

Ao recém nascido foi-lhe atribuído o título de duque de Beja, em vez do título oficial de duque do Porto, que lhe não foi atribuído por estar ainda na posse do seu tio, o infante D.Afonso Henrique.

O governo de Luciano de Castro decretou 3 dias de iluminações e de festas e no dia seguinte realizou-se um solene Te Deum na igreja de São Domingos, com a presença de toda a corte.

O dia acabou ensombrado coma notícia da proclamação da república no Brasil e fim do Império brasileiro da família Bragança.


  • Novembro,08-Expedição de Serpa Pinto e Álvaro Castelões à região do Largo Niassa é atacada pelos Macolocos.
A expedição de Serpa Pinto tinha como objectivo fazer o reconhecimento do território e efectuar o mapeamento do interior do continente africano, para demarcar a zona que Portugal viria a reclamar para si através do famoso Mapa Cor-de-rosa.

A 8 de Novembro, oskololo, divididos em duas hostes, que, segundo o testemunho de Serpa Pinto, “traziam hasteada a bandeira ingleza”,56 atacaram o acampamento da expedição portuguesa, a qual continuava parada, à espera de mais reforços. Os macololos, em número de 12 000 (estimativas de Serpa Pinto), vinham equipados com espingardas modernas, mas foram recebidos por um novo tipo de arma, ainda mais mortífera: a metralhadora.

Tombaram mortos, às dezenas, e Serpa Pinto, depois de receber reforços pelo rio, começou a avançar para norte, com 3 canhoneiras e cerca de 50 outras embarcações (num total de entre 5000 a 6000 homens, segundo Serpa Pinto). Ao chegar à confluência com o Ruo, a guarda-avançada da força expedicionária atacou Chilomo (onde, segundo Serpa Pinto, se concentravam 4000 defensores) e ocupou a povoação.

Foi então que o major recebeu, por estafetas, uma mensagem vinda da costa: a notícia da morte, na metrópole, do rei D. Luís Serpa Pinto, doente, cedeu então o comando da expedição ao tenente da Marinha, João de Azevedo Coutinho, entretanto nomeado “governador militar do Chire” e encarregado de continuar o avanço, com perto de 1700 homens, apoiados por uma canhoneira fluvial.

Crédito:
VISÕES DE IMPÉRIO NAS VÉSPERAS DO “ULTIMATO”: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O IMPERIALISMO PORTUGUÊS (1889) Luís Filipe Moreira Alves do Carmo Reis

  • Explicação de Barros Gomes sobre os acontecimentos no Niassa

Henrique de Barros Gomes era o ministro dos Negócio Estrangeiros e um homem cauteloso, face a uma certa agitação que decorria sobre a questão colonial, face à pretensão que corria de um Portugal que em África ligasse Angola a Moçambique e que frequentemente aparecia em mapas onde esse imenso território aparecia pintado de cor-de-rosa.

Sem dinheiro para investimentos a única forma viável de Portugal assegurar rentabilidade que justificasse a sua pretensão colonial, era controlar portos e vias de comunicação, para poder sujeitar o comércio internacional a pesados direitos alfandegários e ideia principal era no fundo assegurar investimentos e construir a ideia do mapa cor de rosa para o poder vir a trocar, por esse investimento.

Para apoiar essa pretensão havia igualmente a ideia de abandonar a "exclusividade dependência inglesa", por uma certa envolvência de outras potências europeias, nomeadamente alemã e francesa,

Entretanto na sequência dos acontecimentos referidos anteriormente Lord Salisbury emite uma nota diplomática, exigindo a retirada das forças militares portuguesas, que tinham atacado os Kololo apesar de estes últimos se encontrarem sob protectorado britânico.

O governo português através de instruções dadas por Barros Gomes ao nosso embaixador em Londres, o marquês de Soveral retorquiu, afirmando o carácter puramente científico e técnico da expedição de Serpa Pinto, e fazendo realçar que esta última apenas respondera a uma agressão dos Macololos, não tendo sido ela a atacar

Acontecimentos no ano de 1889

  • A aclamação-28 de Dezembro de 1889
O rei D. Luís morreu no dia 19 de Outubro de 1889 na cidadela de Cascais, tendo sido sepultado no Panteão de São Vicente de Fora no dia 26 do mesmo mês, tendo D.Carlos feito juramento a 28 de Dezembro desse ano.

Após o discurso o alferes-mor do reino o marquês de Sabugosa, dirigiu.se a varanda do palácio de São Bento e agitando a bandeira, fez a proclamação da praxe : "Real, real, pelo muito alto, muito poderoso e fidelíssimo rei de Portugal, o senhor D.Carlos I".

Missa de acção de Graças na Igreja de São Domingos, cerimónia nos paço do concelho, nova aclamação na varanda idêntica à que havia sido proferida em São Bento e inauguração da Avenida D.Carlos I, ligando o chamado Aterro (hoje av.24 de Julho) e o largo de São Bento.

O Governo mantinha-se em funções o que havia sido empossado pelo seu pai em 20 de Fevereiro de 1886, presidido por José Luciano de Castro, líder do partido Progressista.

  • Outubro,20-Eleições legislativas com vitória do partido progressista. Os republicanos mantêm 2 deputados

O século XIX em Portugal, nomeadamente após o advento do liberalismo, foi caracterizado por grande instabilidade política partidária, num regime constitucional, muito embora a afirmação hegemónica do Partido Regenerador da Fontes Pereira de Melo de cariz conservador, que colhia o proverbial favoritismo real.

As principais forças de oposição a esse partido são os denominados Históricos, chefiados pelo Duque de Loulé e os reformistas de Alves Martins, mas que desempenhavam um papel claramente subalterno.

Parecia pois ser fundamental reconhecer a necessidade de reorganizar o espectro partidário oposicionista.

Em 1876 foi firmado um pacto entre estas forças conhecido pelo Pacto da Granja que aglutinou num chamado Partido Progressistas estas duas forças.

O rotativismo podia agora assumir novos contornos, com as novas condições criadas, pela convergência encontrada pelo programa progressista claramente liberal em contra-ponto ao conservadorismo fontista.Essa a teoria a prática foi contudo bem diferente.

Desde a Granja até á sua morte foi Anselmo Braancamp, quem chefiou o Partido Progressista, tendo José Luciano de Castro assumido então a chefia desse partido em 10 de Dezembro de 1885, numa disputa bem cerrada como não podia deixar de ser na época.

Luciano de Castro representou o triunfo de centrismo nesse partido balizado por outras candidaturas como Mariano de Carvalho, Barros Gomes ou João Crisóstomo. Assume a chefia do primeiro governo Progressista em 20 de Fevereiro de 1886, sendo o primeiro ministro quando da morte de D.Luís I, continuando já depois da aclamação de D.Carlos I, até ao dia 14 de Janeiro de 1890 na sequência do ultimatum inglês, que adiante se abordará.

O século XIX em Portugal, nomeadamente após o advento do liberalismo, foi caracterizado por grande instabilidade política partidária, num regime constitucional, muito embora a afirmação hegemónica do Partido Regenerador da Fontes Pereira de Melo de cariz conservador, que colhia o proverbial favoritismo real.

As principais forças de oposição a esse partido são os denominados Históricos, chefiados pelo Duque de Loulé e os reformistas de Alves Martins, mas que desempenhavam um papel claramente subalterno.

Parecia pois ser fundamental reconhecer a necessidade de reorganizar o espectro partidário oposicionista.

Em 1876 foi firmado um pacto entre estas forças conhecido pelo Pacto da Granja que aglutinou num chamado Partido Progressistas estas duas forças.

O rotativismo podia agora assumir novos contornos, com as novas condições criadas, pela convergência encontrada pelo programa progressista claramente liberal em contra-ponto ao conservadorismo fontista.Essa a teoria a prática foi contudo bem diferente.

Desde a Granja até á sua morte foi Anselmo Braancamp, quem chefiou o Partido Progressista, tendo José Luciano de Castro assumido então a chefia desse partido em 10 de Dezembro de 1885, numa disputa bem cerrada como não podia deixar de ser na época.

Luciano de Castro representou o triunfo de centrismo nesse partido balizado por outras candidaturas como Mariano de Carvalho, Barros Gomes ou João Crisóstomo. Assume a chefia do primeiro governo Progressista em 20 de Fevereiro de 1886, sendo o primeiro ministro quando da morte de D.Luís I, continuando já depois da aclamação de D.Carlos I, até ao dia 14 de Janeiro de 1890 na sequência do ultimatum inglês, que adiante se abordará.