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domingo, 26 de agosto de 2012

Acontecimentos no ano de 1899-3ºparte



  • Nova lei Lei eleitoral:

·Lei de 26 de Julho de 1899 ( José Luciano). Atribuída missão constituinte às próximas Cortes.

Foram reestabelecidos Círculos sendo

118 círculos uninominais.no continente. 18 círculos uninominais nas Ilhas e Ultramar.

Círculos plurinominais em Lisboa e no Porto, sem representação de minorias. Lisboa, por exemplo, agrega Oeiras e Cascais.

Deputados aumentam para 145 (120 nos círculos eleitorais no continente)

Eleitores

Capacidade eleitoral activa para os menores de 21 anos possuidores de qualquer curso de instrução superior ou especial.

Fonte: Prof ADELINO MALTEZ

  • Eleições

Nas eleições de 26 Novembro de 1899 houve uma vitória progressista, apesar de alguns triunfos da oposição, como Burnay por Setúbal. Foram eleitos três republicanos no Porto, com o apoio de progressistas e socialistas

38ª eleição geral

29ª eleição da 3ª vigência da Carta

26ª eleição da Regeneração

145 deputados

118 círculos uninominais, no continente.

18 círculos uninominais nas Ilhas e Ultramar.

Círculos plurinominais em Lisboa e no Porto, sem representação de minorias. Lisboa, por exemplo, agrega Oeiras e Cascais.

26 de Novembro de 1899

Vitória dos governamentais progressistas.

Eleição sem prévia dissolução.

3 deputados republicanos no Porto, com apoio de progressistas e socialistas ( Afonso Costa, Paulo Falcão e Xavier Esteves, os chamados deputados da peste, porque desde Agosto que o Porto, com peste bubónica, estava cercado por um cordão sanitário)

Burnay, opositor ao governo, é eleito por Setúbal, depois de grandes tumultos. Acusara o governo de falta de seriedade nas contas

  • Portugal e a guerra contra os Boéres
Em meados de Julho. o primeiro-ministro inglês protestou junto do governo português contra a importação de armas pelos Boéres , com quem estavam em guerra, através de Moçambique.

O governo português respondeu que nada podia fazer porque o comércio entre Portugal e o Transval, estava regulamentado desde 1875, o que irritou bastante Salisbury, que evocava a muito maior antiguidade dos acordos de amizade anglo-portugueses, para mais sabendo que as armas continuavam a passar por ali.

Entretanto a guerra alastrara à África do Sul e Salisbury exige a Portugal que se declare aliado aliado de Inglaterra, mas o marquês de Soveral embaixador de Portugal, recebe instruções no sentido de declarar que Portugal se manteria neutro mas que afinal nunca correspondeu a uma declaração oficial do governo português nesse sentido, embora nunca tenha participado nessa guerra., muito embora sempre D.Carlos tenha defendido uma participação activa no apoio a Inglaterra

sábado, 25 de agosto de 2012

Acontecimentos no ano de 1899-2ºparte

  • Abril,19-Nasce em Loulé, Duarte Pacheco que vira a ser ministro das Obras Públicas do Estado Novo.
Em 1923 forma-se em Engenharia Electrotécnica pelo Instituto Superior Técnico (I.S.T.) de Lisboa, onde se torna professor ordinário e director interino em 1926. A 10 de Agosto de 1927, torna-se seu director efectivo.

No ano de 1928, sob a orientação de Duarte Pacheco, dá-se início à construção dos edifícios do Instituto Superior Técnico (I.S.T.) de Lisboa, construindo-se aquele que viria a ser o primeiro Campus Universitário português. Existe uma história curiosa quanto à origem dos vidros do edifício do Instituto. Diz-se que foram enviados por diversas indústrias vidreiras como amostras solicitadas pelo próprio Ministro, a fim de determinar o de melhor qualidade, sendo utilizadas nas janelas do edifício sem se terem informado as indústrias solicitadas e sem ter havido nenhum tipo de remuneração dos vidros usados.

Nesse mesmo ano, Duarte Pacheco torna-se presidente da Câmara Municipal de Lisboa, sendo mais tarde convidado para ministro do Governo, passando a ocupar a pasta de Ministro da Instrução Pública.

Mais tarde, abandona as funções ministeriais e regressa ao I.S.T., onde permanece até 1932, altura em que volta a ser convidado por Salazar, que admirava o seu carácter, para o Governo, assumindo agora a pasta de Ministro das Obras Públicas e Comunicações.

Em 1936, com uma reforma da corporação política, Duarte Pacheco é afastado do Governo, regressando ao I.S.T.. No dia 1 de Janeiro de 1938 assume a presidência da Câmara Municipal de Lisboa, para, pouco tempo depois, voltar a ser nomeado Ministro das Obras Públicas e Comunicações.

Morre no Hospital da Misericórdia de Setúbal, a 16 de Novembro de 1943, na sequência de um acidente de automóvel, ocorrido na véspera na estrada de Montemor-o-Novo, Vendas Novas, perto das instalações da Marconi.

  • Julho,14-Lei de proteção a agricultura (conhecida como a 'Lei da Fome')
Surge a lei do trigo de Elvino de Brito, marcada pelo princípio do proteccionismo, onde se prevê um processo de tabelamento dos preços do pão. Em nome da defesa da produção agrícola nacional, o pão aumenta cerca de 40%, pelo que os detractores do diploma lhe vão chamar a lei da fome (14 de Julho). Segundo um estudo de Albino Vieira da Rocha, de 1913, a lei não beneficia o consumidor (os preços sobem) nem o trabalhador agrícola (os salários baixam), mas apenas o proprietário e o rendeiro a longo prazo.

Retirado do blog do Prof.Adelino Maltez ver mais clicando
aqui.

  • Fundação da Assistência Nacional aos Tuberculosos

Apesar de algumas melhorias no sector da saúde pública, não havia satisfação no combate específico da tuberculose que grassava ceifando muitas vidas. E A rainha D.Amélia muito sensível a este flagelo chamou a si com a ajuda do médico da casa Real Dr. António de Lencastre, apadrinhou a criação duma instituição dedicada apenas ao tratamento de pessoas afectadas por aquela doença.

Assim foi criada a Assistência Nacional aos Tuberculosos a 11 de Junho de 1899, uma década depois daquela rainha a ter projectado.

A partir da criação desta instituição foram criados em todos os distritos do País hospitais especializados e dispensários com o objectivo de monitorizar os doentes


Acontecimentos no ano de 1899

  • Epidemia de peste bubónica no Porto
A remodelação governamental ocorrida no ano anterior, não trouxera nada de novo, não mais do que uma nova atitude "eventualmente" mais liberal no facto dos novos ministros, até aos contínuos apertarem as mãos.

O certo é que, a partir da primavera deste ano o câmbio da moeda melhorou, graças a factores externos, como a melhoria da situação no Brasil que permitiu a chegada da novas remessas de emigrantes.

Uma epidemia de peste bubónica no Porto, com eventual origem em Bombaim, ocorrida entre Junho e Setembro de 1899,porém, trouxe nova crise nas relações, entre governo e oposição.

Com efeito o governo procurou atenuar os efeitos da peste , montando um cordão sanitário em volta da cidade, por proposta do médico Ricardo Jorge.

As medidas impostas embora necessárias, foram consideradas prejudiciais para a economia da cidade, pela câmara municipal.

Aproveitando esse descontentamento popular e com o apoio explícito dos Regeneradores, fora da esfera do governo nesse momento, nas eleições que irão ocorrer em 26 de Novembro deste ano, conseguirão os Republicanos eleger 3 deputados,(Afonso Costa, Paulo Falcão e Xavier Esteves), que ficarão conhecidos pelos "deputados da peste"

Muito embora o partido Progressista de José Luciano, no governo, tenha obtido a maioria, arrastou também alguns anti-corpos para além dos deputados da peste, como o caso dum deputado por Setúbal, Henrique Burnay, que acusara o governo de falta de seriedade nas contas.


  • Março-Estreia do Teatro São Carlos da ópera A Serrana de Alfredo Keil
A ópera de Alfredo Keil que mais tempo perdurou no tempo foi sem dúvida “Serrana”, a primeira com libreto em português, inspirada num romance de Camilo Castelo Branco, composta entre 1895 e 1899 e estreada com sucesso no Teatro São Carlos, em Março de 1899. É a sua peça musical mais conhecida, exceptuando “A Portuguesa”, e, no século passado, foi levada à cena mais onze vezes.

  • Março-Morte de António de Serpa líder dos Regeneradores
Com a morte de António Serpa, em Março, os regeneradores passam a ser formalmente chefiados por Hintze Ribeiro. Numa altura em que brilham parlamentarmente João Franco, João Arroio e Abel de Andrade, chegando este último a destacar-se por ter enfrentado o ministro progressista José de Alpoim num duelo.

(Retirado do blog do Prof.Adelino Maltez ver mais clicando aqui)


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Mouzinho de Albuquerque



Em substituição de António Enes, Mouzinho de Albuquerque foi nomeado governador geral de Moçambique, a 13 de Março de 1896, depois do êxito militar nas "guerras da pacificação".

Com o passar do tempo as clivagens que se foram formando entre Mouzinho e o seu grupo militar os "africanistas" e o poder militar e governamental de Lisboa foi-se agravando.

Mouzinho nunca quis ver-se como um simples funcionário dum aparelho administrativo, naturalmente dependente também ele do poder central.

Promoveu-se a si próprio a "delegado do rei" a quem mandava relatórios dos seus feitos militares ignorando os canais de informação que o o seu cargo implicava.

Mouzinho de Albuquerque tinha um plano para África, queria realizar a ocupação territorial, impondo um regime militar apoiado na missionação católica, que contrariava os princípios liberais cada vez mais institucionalizados em Portugal.

Não quer dizer-se que Mouzinho quisesse romper deliberadamente com esses princípios liberais, ele próprio herdeiro de família que por esses princípios se haviam batido, porémpelo menos em África esse convencionalismo liberal era contrário a concretização dos seus objectivos.

Mouzinho de Albuquerque não se deu bem com nenhum governo, nem com o de Hintze, nem como o de Luciano de Castro, nem afinal com o próprio Rei, para quem a sua sucessiva atitude de desobediência e contestação também incomodava e que por mais do que uma vez lhe comunicara, esse desagrado.

Uma nova recusa do governo de José Luciano de Castro com o apoio explícito de D.Carlos fez com que Mouzinho se tenha demitido das suas funções, em 9 de Julho de 1898,aceite pelo chefe do governo.

Regressado à Metropole, foi nomeado, a 28 de Setembro de 1898, ajudante de campo efectivo do Rei D. Carlos, oficial-mor da casa real e aio do príncipe D. Luís Filipe.

Incapaz de, pela sua própria formação militar rígida e pelo feitio orgulhoso, de resistir ao clima de intriga, de indecisão política e de decadência em que a monarquia agonizava, Mouzinho de Albuquerque prepara minuciosamente a sua morte, suicidando-se no interior de um "coupé", na Estrada das Laranjeiras no dia 8 de Janeiro de 1902.

Acontecimentos no ano de 1898-2ºparte

  • Maio, 20 - Inaugurado o Aquário de Algés integrado nas comemorações de Vasco da Gama.


Na sequência das comemorações em Lisboa do 4º centenário do Descobrimento do Caminho Marítimo para Índia o Aquário Vasco da Gama foi inaugurado a 20 de Maio de 1898 , numa cerimónia de grande impacto público, na presença da Família Real e numerosas individualidades da época.

Na altura da inauguração o Rei D. Carlos, cuja influência havia sido determinante para a edificação do Aquário, realizou numa das suas salas uma exposição com o material zoológico por ele recolhido nas campanhas oceanográficas de 1896 e 1897.

Findas as festas das comemorações, ficou o Aquário sendo propriedade do Estado. Em Fevereiro de 1901, a sua administração foi entregue à Marinha, onde permanece até hoje como organismo cultural.

  • Agosto,30-Alemanha e Inglaterra assinam contratos secretos sobre os territórios portugueses do ultramar.

No contexto da guerra Espanha-Estados Unidos e que relatarei noutro contexto a Grã-Bretanha manteve-se neutral,( bem como Portugal) embora numa posição muito próxima dos Estados Unidos.

Porém em plena conjuntura dessa guerra decorreram negociações entre a Inglaterra e a Alemanha, que resultaram nesta convenção de 30 de Agosto, onde ambas admitiram a partilha dos domínios coloniais portugueses a Sul do Equador, se Portugal não conseguisse cumpri as suas responsabilidades para com a dívida externa.

Acontecimentos estranhos nomeadamente o início da guerra anglo-boer, viria a alterar esses planos conduzindo ao reforço do Tratado de Windsor que renovava mais velha aliança europeia, viria dissipar aquela ameaçadora intenção.

É possível que o governo português tenha tido conhecimento deste convénio secreto, pois declinou a oferta de um empréstimo conjunto de capitais ingleses e germânicos (Pedro S. Martinez, História diplomática de Portugal, Lisboa,

Penso contudo que mais uma vez, salvar as aparências foi o objectivo. Esta recusa não excluí a hipótese de indirectamente a Inglaterra tenha influenciado os mercados financeiros, porque o empréstimo externo existiu mesmo.


Acontecimentos no ano de 1898-1ªparte


  • Remodelação Governamental

O governo de José Luciano de Castro, não veio acalmar as hostes dos Progressitas, pois há muito que as jovens figuras , entre as quais José Maria Alpoim Cabral, aspiravam a lugares de destaque.

Alpoim Cabral,advogado e já deputado, não tinha sido convidado para o governo, empossado no ano anterior atendendo à preferência que Luciano de Castro havia tido pelo progressistas mais velhos para a formação desse seu governo.

Muito embora tenha sido nomeado ajudante do procurador-geral da Coroa, não ficou satisfeito, acabando por entrar numa remodelação de governo em 18 de Agosto de 1898 na qual só Veiga Beirão se manteve, muito embora substituído por Alpoim na Justiça, mas transitando para os Estrangeiros.

Afonso Espargueira para o lugar de Ressano Garcia na Fazenda. Entrada de Sousa Teles para a Guerra e Eduardo Vilaça para a Marinha e Ultramar e Elvino de Brito para as Obras Públicas e Comércio.

Remodelação que se seguiu a uma outra que tinha acontecido no final do ano anterior, quando Barros Gomes,ministro da marinha, mantendo esta pasta, substitui o diplomata Matias de Carvalho e Vasconcelos nos estrangeiros.

Com esta remodelação, o governo diminuí substancialmente a sua média etária, tornando-se mais jovem muito embora os problemas sejam "velho" e de difícil resolução, que só viria a melhorar um pouco na Primavera do ano seguinte, por força da melhoria da situação no Brasil, e a normalização das remessas dos emigrantes e ao que se sabe por força dos bons ofícios da Inglaterra intercedendo por Portugal nas praças europeias financeiras.


  • Morte de Roberto Ivens.

Oficial da Marinha de Guerra portuguesa e explorador da África Meridional.
Chefiou em Angola expedições no Sul da então colónia portuguesa com base na baía dos Tigres e no curso do rio Zaire

Em 1877, com Hermenegildo Capelo e Serpa Pinto, o primeiro também oficial da Armada e o segundo oficial do Exército, explorou os territórios entre Angola e Moçambique, explorando as bacias hidrográficas dos rios Zaire e Zambeze, expedição essa que terminou em 1880.

Depois, com Hermenegildo Capelo e em 1884/85, partiu de novo de Angola para Moçambique (Tete), expedição esta que os dois repetiram. Estas expedições, para além de terem permitido fazer várias determinações geográficas, colheitas de fósseis, aves, colecções botânicas, permitiram também servir para a defesa da presença portuguesa nos territórios explorados e reivindicar os respectivos direitos de soberania (mapa cor-de-rosa) que a Inglaterra não aceitou e que provocou o Ultimato de 1890.

(nota retirado de Vidas Lusofonas)


  • Abril,22-Publicação no Diário do Governo dos estatutos da Companhia União Fabril -- CUF -, surgida pela fusão da Companhia Aliança Fabril com a União Fabril.


A Companhia União Fabril (CUF) foi um dos principais grupos económicos portugueses até ao 25 de Abril. A sua fundação deve-se especialmente à acção de Alfredo da Silva, figura excepcional no panorama industrial português.

A CUF expandiu-se a vários ramos da indústria, desde os sabões, adubos químicos, sulfatos, fundição, construção de navios, transportes, tabacos.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Acontecimentos do ano de 1897-6ºparte




  • Entrega do cruzador Adamastor á marinha de guerra

O Adamastor foi um cruzador da Marinha Portuguesa, construído nos Estaleiros Navais de Livorno, na Itália em 1896 ,foi entregue à marinha portuguesa a 14 de Agosto de 1897, o Adamastor é um navio importante para a história de Portugal por duas razões especiais.

A sua compra, veio na sequência do ultimatum britânico,que provocou um movimento de comoção nacional que foi aproveitado para numa subscrição pública que durou oito anos, para obter dinheiro para adquirir navios de guerra.

Na realidade, o Adamastor não era um navio especialmente poderoso e o seu armamento e autonomia eram mais adequados para operar nas colónias, onde Portugal tinha um numero considerável de pequenas canhoneiras, mas não possuía grandes navios, como os cruzadores e couraçados das esquadras dos maiores países europeus.

A subscrição pública rendeu dinheiro para a compra do cruzador Adamastor e quatro outros pequenos navios a estaleiros Italianos.

Entre as operações em que o navio participou, conta-se a que ocorreu 13 anos depois de ter sido incorporado na marinha. O navio esteve ligado ao golpe de estado de 5 de Outubro de 1910 - golpe liderado pela marinha portuguesa - e que teve como objectivo implantar um sistema republicano.

  • Morte do Dr. Sousa Martins

Dr. Sousa Martins de seu nome de baptismo José Tomás de Sousa Martins, nasceu em Alhandra a 7 de Março de 1843, vindo a falecer em 18 Agosto de 1897.

Desde cedo sua vida não foi fácil, e bastante jovem foi viver para Lisboa. Empregou-se como marçano na Farmácia Ultramarina, propriedade de um tio seu, sita na Rua de S. Paulo, em Lisboa, e que ainda hoje existe. Tornou-se exímio manipulador de produtos naturais e de praticante de farmácia chegou a farmacêutico. Após o curso de Farmácia, tirou o de Medicina, e em poucos anos tornou-se uma das figuras mais marcantes do século XIX.

Foi um dos médicos mais prestigiados de Portugal, tendo ficado famoso pela sua luta contra a tuberculose.

Cientista prestigiado, desfrutou de projecção internacional pelo estudo da tuberculose e das doenças nervosas.

Afirmou-se “progressista e ‘maçon’”.
.
A luta contra a tuberculose expunha-o à doença, nos contactos diários e directos com os doentes terminais. Detinha-se junto deles, a amenizar-lhes o medo. Muitos morreram de mãos entre as suas, alguns viram-lhe auras estranhas sobre os cabelos.

O Dr. Sousa Martins foi atacado pela tuberculose. Alguns dizem que querendo evitar o seu próprio sofrimento, suicidou-se em 1897. Outros dizem que faleceu de morte natural, tendo como prova disso a sua certidão de óbito. Os seus restos mortais repousam no cemitério de Alhandra.

Ao tomar conhecimento da morte do Dr. Sousa Martins o rei D. Carlos disse: “Ao deixar o mundo, chorou-o toda a terra que o conheceu. Foi uma perda irreparável, uma perda nacional, apagando-se com ele a maior luz do meu reino”.

Dr. Sousa Martins não é apenas um nome de médico. Muitos o consideram um santo e dizem que opera milagres. Amigo dos pobres, desamparados e doentes, o Dr. Sousa Martins deu origem a um extraordinário culto em Portugal.
Fonte



quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Acontecimentos no ano de 1897-5ªparte


  • Comício republicano no Porto
No dia 13 de Junho realizou-se no Porto um Comício republicano que visava a analise da situação financeira do país

Segundo o jornal Resistência de Coimbra dizia na altura

Realizou-se, como eslava annunciado,no domingo, o comício convocado pelo partido republicano. A grande manifestação popular decorreu no meio do mais vibrante enthusiasmo e deixou no espírito de todos uma viva impressão pelo muito que significa. Toda a imprensa assignala a importância incontestável do comício, importância que tanto mais se affirma quanto ella se distinguiu pela quantidade e não menos pela Qualidade dos que a elle accorreram. Mais de seis mil pessoas, de todas as classes sociaes, animadas do mesmo interesse, vibrando da mesma commoção, assistiram áquella assembléa com uma attenção tam religiosa, que é, porventura, a nota mais significativa, pelo muito querevela. Durante as três horas que durou o comício, era solemne o aspecto da numerosa assembléa, a ouvir de cabeça descoberta as verdades que lhe transmitliam os oradores Duarte Leite, Basilio Telles, Manuel de Arriaga, Jacinto Nunes, Afonso Costa, Brito Camacho e Santos Silva Depois o presidente Nunes da Ponte, interveiu dando por findo o comício, pelo que deixaram de fallar outros oradores que estavam inscriptos. O resultado mais importante do comício, sob o ponto de vista do motivo da sua convocação, foi approvação unânime e calorosa do protesto apresentado pelo sr. dr Darte Leite, trabalho magistral d'um alto valor

  • Visita real ao Algarve

Estão no Algarve os Reis e Portugal. Bem vindos sejam!». Foi assim que a imprensa farense, através de O Algarve, saudou a chegada ao Algarve do rei D. Carlos e a rainha D. Amélia de Orleães, no dia 9 de Outubro de 1897.

Interrompendo o habitual tratamento termal da rainha D,Amélia, o casal real visitou aquela província o que não acontecia desde o reinado de D.Sebastião

A visita real ao Algarve, que então já de denominava de província e não de reino, realizou-se entre 9 e 15 de Outubro de 1897, com início na gare de Albufeira, onde os soberanos chegaram de comboio pelas 8 da manhã.

De Albufeira partiriam para Faro, passando antes por Loulé, onde também tiveram recepção oficial. Depois de visitarem todo o Sotavento, Sagres e Lagos, chegariam na noite do dia 12 a Portimão, onde depois de grandiosa recepção pernoitaram no iate D. Amélia, aqui atracado.

Praticamente toda a grande imprensa lisboeta, algarvia e nacional se faria representar na viagem, nomeadamente os jornais Diário de Notícias, O Século, Branco e Negro, e Ilustração Portuguesa, onde encontrámos abundantes alusões ao percurso

Sobre a lenta ascensão até Monchique existem várias descrições nos principais jornais do reino: «Maravilhoso todo este caminho que, partindo de Portimão, subindo sempre, leva a Monchique».

Na Torrinha, limite do termo encontravam-se as várias individualidades concelhias, nomeadamente o administrador do concelho e representante do Governo José Sebastião “da Venda”, o presidente da Câmara Municipal e antigo deputado José Joaquim Águas, o juiz de Direito substituto e conservador do Registo Civil, Dr. Francisco do Rego Feio, o grande proprietário local e deputado pelo circulo de Silves (a que o concelho pertencia), coronel José Gregório de Figueiredo Mascarenhas, vereação, restantes autoridades, figuras de destaque local, povo e pelo menos uma das várias bandas musicais que então havia no concelho. Das restantes filarmónicas, uma estava nas Caldas e as outras espalhadas ao longo do trajecto. Depois das saudações os soberanos seguiram viagem rumo às Caldas de Monchique.

Dando a vez ao repórter, este descreve os «pinhais, sobreiros, medronheiros, grandes moitas de alecrim e de rosmaninho balsâmicos. O cenário agiganta-se, alargam-se os horizontes, cavam-se vales fundos e apertados (…), de espaço a espaço, nas voltas da estrada toda em zig zags caprichosos, entrevê-se pelas abertas dos cimos sobrepostos, a Picota, penedo abrupto de difícil acesso, e que fica ao nascente da Foya, a soberba rainha serrana sempre namorada por grandes massas de nuvens».

Nas Caldas de Monchique os soberanos receberam flores das três filhas do Dr. João Bentes Castel-Branco, médico e concessionário da estância termal, que lhes preparara uma marcante recepção, com visita ao Sanatório Kneipp e uma exposição de artesanato, vestuário e medicamentos naturais.

Não se demorando muito na estância termal, a comitiva continuou na direcção da vila. A nossa fonte é mais uma vez a revista Branco e Negro: «do Banho para cima as rampas são ásperas e avança-se lentamente durante uma hora até à vila de Monchique».

É provável que a visita real, com o seu séquito de ministros e funcionários do Passo tenha chamado a atenção para o escabroso caminho que então levava à vila, uma distância de quatro quilómetros que então se fazia dificilmente em cerca de uma hora. Todavia, a preocupação era maior em relação à estância termal, geralmente frequentada por gente importante, pois, em 1877, chegou às Caldas de Monchique a construção da estrada Portimão/Monchique, pelo processo de macadame. Acompanhando a novidade da estrada teve inicio neste mesmo ano a carreira de diligência para as Caldas, com a periodicidade de três dias por semana.

A chegada à vila deu-se, segundo a imprensa, às 11h45. Lorjó Tavares descreve a vila engrandecida por uma «deliciosa ornamentação toda campesina (…) com as ruas transformadas em tapetes de junco, postes enfeitados a murta, arcos singelos, medronheiros com as suas bagas vermelhas como morangos, festões torcidos a alecrim de que pendiam cachos de flores silvestres, maçãs e romãs, paredes de alto a baixo estufadas de murta e urzes». O texto do Branco e Negro aparece ilustrado com 10 belas e monumentais fotografias da vila, Caldas e Fóia.

À entrada da vila acumulava-se o povo simples, muito dele vindo expressamente do campo para ver o rei. Segundo ressalta da maioria da imprensa, a recepção não terá sido aqui tão calorosa como nas outras terras da província

Fonte:Jornal de Monchique