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sábado, 19 de novembro de 2011

Acontecimentos no ano de 1894-5ºparte

* Julho-Decreto estabelecendo os Sindicatos Patronais Agrícolas, cujos objectivos não era o de um qualquer órgão de classe, mas apenas uma associação para análise técnica dos problemas da agricultura.

  • Dezembro,08-Florbela Espanca-nascimento

Foi em Vila Viçosa do Alentejo que nasceu em 8 de Dezembro de 1894, pouco tempo depois da suspensão da Assembleia dos Deputados referida na entrada anterior.

Filha de pai incógnito, expressão infelizmente usual em Portugal até 1974, foi lhe posto o nome de Flor Bela de Alma da Conceição.

Na literatura portuguesa será chamada Florbela Espanca, por mais tarde se ter revelado o apelido de seu pai.

Precoce já fazia poemas e ainda dava erros de ortografia, virá mais tarde cursar Direito em Lisboa.

Casa por 3 vezes mas a infelicidade latente em toda a sua poesia e o seu exacerbado egocentrismo, levam-na ao suicídio precisamente no dia em completaria 36 anos. Mais do que o relato biográfico da vida de Florbela Espanca,que pode ser acompanhado em

http://www.vidaslusofonas.pt/florbela_espanca.htm

interessa-me referir os dois poemas que mais gostei

A nossa casa

A nossa casa, Amor, a nossa casa!
Onde está ela, Amor, que não a vejo?
Na minha doida fantasia em brasa
Constrói-a, num instante, o meu desejo!

Onde está ela, Amor, a nossa casa,
O bem que neste mundo mais invejo?
O brando ninho aonde o nosso beijo
Será mais puro e doce que uma asa?

Sonho... que eu e tu, dois pobrezinhos,
Andamos de mãos dadas, nos caminhos
Duma terra de rosas, num jardim,

Num país de ilusão que nunca vi...
E que eu moro - tão bom! - dentro de ti
E tu, ó meu Amor, dentro de mim...

e

Se tu viesses ver-me...

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

Acontecimentos no ano de 1894-4ºparte

* Alterações no governo

Carlos Lobo dAvila passa a assumir a pasta do Ministério dos Negócios Estrangeiros substituindo Frederico Arouca enquanto Campos Henriques o substituía nas Obras Públicas

Político e escritor. Uma das figuras trágicas da política portuguesa. Director de O Tempo que fundou em 2 de Janeiro de 1889. Fez parte do grupo dos Vencidos da Vida. Amigo de Oliveira Martins. Filho de Tomás de Lobo d’Ávila.

Chamado o Carlotinha por causa das suas tendências homossexuais.

Começando por aderir aos progressistas, passa a ministro regenerador. Ministro das obras públicas, comércio e indústria no governo de Hintze, desde 20 de Dezembro de 1893, substituindo Bernardino Machado. Restringe o funcionamento das associações de classe em Janeiro de 1894.

Passa a ministro dos negócios estrangeiros, no mesmo governo de Hintze, em 1 de Setembro de 1894.


* Dezembro,09-Comício da União Liberal no Campo Pequeno contra o governo.

José Maria de Alpoim proclama que a pátria está em perigo. No Porto, o conde de Samodães também preside a comício de protesto no teatro do Príncipe Real, no dia 16, onde José de Alpoím pede que se hasteie para todos uma única bandeira, a bandeira da Democracia, bandeira que não se confunda com o estandarte real, que seja a bandeira da pátria.

O jornal progressista Soberania do Povo chega a proclamar que a monarquia está morta.

(retirado de )

* Dezembro,22-Reforma do ensino secundário (regulamentada a 14 de Agosto de 1895).

Os liceus passam a ter um curso geral de cinco anos e um curso complementar de dois anos.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Acontecimentos no ano de 1894-3ºparte

  • Maio,04-Abertura do parlamento é adiada para 1 de Outubro.
A abertura das cortes, foi adiada, porque o governo constatou que a reeleição da sua maioria. verificada como consequência das eleições de Abril, não era suficiente, devido ao acentuar das divergências entre Hintze e João Franco. Ambos se haviam excedido na distribuição de benesses, que a imprensa ia divulgando, procurando apoio para as suas causas.

Esse clima de insegurança justifica o adiamento, ambos sabiam que precisavam do Rei, para resolver a questão do poder na chefia do governo.

  • Julho,02-Manifesto da União Liberal (coligação entre Progressistas e Republicanos) apelando ao boicote ao pagamento de impostos.
Esta União Liberal surge na sequência da forte contestação ao adiamento da reabertura do parlamento para 1 de Outubro. José Luciano lider Progressista queria lançar uma campanha de comícios, em conjunto com o envio de mensagens de desagrado ao Rei e boicote ao pagamento de impostos.

Nascia a União Liberal unindo aqueles dois partidos e antigos Regeneradores desavindos com Franco e Hintze Ribeiro.

A resposta do Rei, que não mostrou qualquer abertura em alterar a decisão tomada, exasperou a oposição afirmando D.Carlos se colocara fora da Constituição

Na Assembleia geral dos Progressistas no Porto em 7 de Junho, numa grande manifestação partidária com cerca de 2000 delegados, José Luciano propõe uma revisão constitucional que retire poderes ao Rei e outro conjunto de disposições de índole mais liberal.

Quando surge este manifesto que apelava ao boicote aos impostos, o presidente da Comissão executiva era o general João Crisóstomo
Julho-Decreto estabelecendo os Sindicatos Patronais Agrícolas, cujos objectivos não era o de um qualquer órgão de classe, mas apenas uma associação para análise técnica dos problemas da agricultura.

  • Agosto,24-Morte do historiador português Joaquim Pedro de Oliveira Martins.
Morre em apenas com 49 anos vitimado pela tuberculose tendo dito na hora da morte "Morro triste não levo saudades do Mundo".

Personagem de grande influência na corte, chegando a ser Ministro da Fazenda do governo de Dias Ferreira, com quem viria a desentender-se pouco tempo depois.
Autodidacta, publicou vários livros de economia e finanças, mas a História de Portugal seria a sua grande paixão, muito embora a sua visão dos factos, fosse constantemente prejudicada pela sua extrema "fogosidade interpretativa".

Acontecimentos no ano de 1894-2ºparte

  • Novas eleições parlamentares
Dizia-se que as deliberações do governo sem o voto de João Franco eram nulas,o que minava a confiança no sucesso do governo, acrescido pela animosidade entre Franco e Hintze.

Os primeiro tempos da governação foram consumidos nas negociações com os comités de credores externos, acabando por encontrar uma forma de acordo com a Lei de 19 de Maio de 1893. Afinal o governo de Dias Ferreira havia reduzido o ´défice para "apenas" 4.000 contos.

A solução encontrada pelas Finanças, foi ao usual aumento de impostos sobre a Industria e o Comércio o que motivou o natural protesto das associações de classe, levando o governo a recuar, por temer em especial a efervescência nos distritos do norte.

Não foi por certo por Fuschini, ministro da Fazenda , ter visto as suas propostas de aumento da Contribuição Industrial sido recusadas, que aconteceram eleições para o Parlamento que confirmaram o apoio ao Partido Regenerador no governo, onde os Republicanos apenas elegeram 3 deputados. Não obstante D.Carlos decide dissolver o Parlamento, marcando novas eleições para o dia 7 de Março de 1894, posteriormente adiadas para o dia 15 de Abril.

A teia de intrigas e compadrios que fazia parte do complexo sistema político, era excessivamente complicada, para não falar dos próprios meandros do processo eleitoral, muito diferente do que podemos conceber nos nossos dias. Aquilo que hoje se poderia catalogar como caciquismo, é uma brincadeira de crianças comparado com o processo eleitoral desse tempo.

As eleições era o reflexo de meros acordos,nesta altura negociado perfeitamente ao centro, entre Regeneradores e Progressistas, que para o efeito se consideravam Monárquicos coligados a esse nível de interesse contra Republicanos e outras formações mais à esquerda, dai que não possa surpreender que a grande remodelação acontecida após esse período eleitoral tenha sido a substituição de Augusto Fuschini e a sua Liga Liberal do elenco governativo, ao qual nunca mais voltaria.

Afinal um dos amigos mais íntimos del-rei, não havia resistido á voragem das querelas partidárias.


  • No preâmbulo do governo em ditadura
A reabertura das cortes em Outubro de 1894 não correram nada bem, gerou-se uma grande confusão, muito embora as eleições de 15 de Abril tivessem determinado a reeleição da quase totalidade da anterior assembleia, menos uns 10 nomes.A oposição deu-lhe o nome do solar dos barrigas e o governo de ser o partido dos empregados públicos.

A guerra instalada entre os partidários de Hintze e Franco e a distribuição dos tachos fez com que nem se chegasse a perceber quem queria mais romper com a "saúde" da Assembleia.

Aconteceu então que em 28 de Novembro de 1894 a assembleia foi suspensa acabando por ser de novo dissolvida em 28 de Março de 1895.

Portanto desde Novembro de 1894 governou-se em regime de ditadura, apesar da oposição organizar grandes comícios de protesto.

A ditadura invoca a circunstância de governar contra os intriguistas e contra a política burocrática (João Franco). O conde de Ficalho dizia então que quem deve governar é quem paga,tudo o mais são histórias .

Ramalho Ortigão, considerava então que da eleição popular não sai nunca para o Governo aquele que mais sabe, mas sim aquele que mais intriga.