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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Acontecimentos no ano de 1896-2ºparte

  • Maio,04-O Supremo Tribunal Administrativo, de novo órgão de cúpula dos tribunais administrativos.
Com efeito, com Hintze Ribeiro à frente do Governo e João Franco Ministro do Reino, Portugal vê ditatorialmente decretado um novo Código Administrativo, em 2 de Março de 1895, revisto e alterado em Cortes e aprovado pelo Rei em 4 de Maio de 1896.

De natureza centralizadora, o novo Código Administrativo põe termo ao modelo de organização mista da justiça administrativa e inicia um novo modelo que irá estar presente nos derradeiros anos da monarquia e nos primeiros da república – até 1924.


  • Fevereiro,19-Regresso de António Enes

António Enes iniciou-se na vida política activa como Ministro da Marinha e do Ultramar no governo de João Crisóstomo de 1890. Não era contudo um desconhecido, atendendo à sua actividade como jornalista e homem de polémica.

Uma das causas nacionais, era, claro, a questão colonial, já que defendia que não se deviam conservar domínios ultramarinos, que apenas representassem encargos e responsabilidades, se tal fosse baseado apenas no amor próprio nacional ou no acanhado respeito pelas tradições. Segundo ele mais valeria aconselhar o governo a que antes venda, troque, dê, abandone esses territórios, especialmente se puder conseguir que tome conta deles quem nos possa vingar dos ingleses.

Após a assinatura do tratado de Maio de 1891 é Enes nomeado comissário régio em Moçambique para proceder á execução desse tratado e proceder à delimitação das fronteiras nele contido.


No seu tempo de comissário régio em Moçambique se conta o das chamadas campanhas de África que segundo ele tinham conseguido para Portugal vastos territórios, mas sobretudo restaurara o prestígio português em África.

António Enes regressa a Portugal em Janeiro de 1896, recebendo os aplausos públicos pelo desempenho na guerra de Moçambique, partindo ainda durante esse ano para O Brasil para ocupar o lugar de ministro de Portugal, onde se irá manter cerca de 2 anos.

É o primeiro dos heróis de Moçambique a regressar o "herói civil", já que do regresso dos "heróis militares", outras tarefas mais "messiânicas" se esperava a nível político interno, especialmente de Mouzinho de Albuquerque, como se verá.

A curiosidade sobre Enes reside no facto de já em 1870 ter defendido uns Estados Unidos da Europa, temendo que Portugal fosse absorvido pela vizinha Espanha

(resumo dum artigo da autoria de Aniceto Afonso)

Acontecimentos no ano de 1896-1ºparte


  • Morte de João de Deus
Atendendo à informação disponível sobre João de Deus parece-me desnecessário, fazer resumos sobre a vida e obra deste poeta, parecendo mais importante assinalar blogues os fontes de informação que já estejam publicados na Internet e depois eventualmente, fazer alguns comentários.

Pare se obter o texto base desta entrada clicar aqui

João de Deus é o típico caso de vocação errada, que deveria ter escolhido letras em vez de direito.

Depois a incapacidade de ser pragmático, com certeza a razão de ser do poeta.

Qualquer ser "normal" tería governado a vida com as armas que tinha.

João de Deus não, vive na miséria, parece que chega a costurar roupa de senhora mas exercer direito, nem pensar.

Viver da poesia, talvez ainda hoje em Portugal, pareça não ser possível a menos que se case rico, como foi o caso.

A cartilha Maternal o método que criou para o ensina da leitura, haveria de o distinguir como pedagogo e uma nomeação com pensão vitalícia e uma condecoração a Ordem de Santiago e Espada.

Esse método de leitura terá sido seguido em Portugal, pelas minha contas cerca de 35/40 anos.

Gosto de recordar este poema de João de Deus, que ouvia com frequência dizer à minha mãe que o sabia de cor.

Dia de Anos

Com que então caiu na asneira
De fazer na quinta-feira
Vinte e seis anos! Que tolo!
Ainda se os desfizesse...
Mas fazê-los não parece
De quem tem muito miolo!

Não sei quem foi que me disse
Que fez a mesma tolice
Aqui o ano passado...
Agora o que vem, aposto,
Como lhe tomou o gosto,
Que faz o mesmo? Coitado!

Não faça tal: porque os anos
Que nos trazem? Desenganos
Que fazem a gente velho:
Faça outra coisa: que em suma
Não fazer coisa nenhuma,
Também lhe não aconselho.

Mas anos, não caia nessa!
Olhe que a gente começa
Às vezes por brincadeira,
Mas depois se se habitua,
Já não tem vontade sua,
E fá-los queira ou não queira!

  • Fevereiro,13-Lei de João Franco que procurava reprimir as acções violentas que ia acontecendo contra a ditadura de Hintze Ribeiro.
Lei que autorizava a deportação de quem fizesse propaganda anarquista, mas justificada por uma bomba solitária em Lisboa.

  • Março,13-Gungunhana chega a Lisboa, ficando preso no Forte de Monsanto.
O epílogo na guerra contra os Vátuas, aconteceu em Chaimite em 27 de Dezembro de 1895 quando Mouzinho de Albuquerque aprisionou o régulo Gungunhana, num episódio por demais conhecido em que para o humilhar mandou o poderoso régulo sentar-se no chão, levando-o preso para Lourenço Marques e mais tarde para Lisboa

De seguida é deportado com 7 das suas mulheres favoritas (tinha 3 mulheres principais), e outros familiares incluindo o filho Godide, para Portugal, a bordo do vapor «África» que fundeia, após uma difícil viagem de dois meses, na manhã de 13 de Março de 1896, no Tejo, frente a Cacilhas, ficando preso no Forte de Monsanto.

Em Portugal, Gungunhana é desumanamente humilhado e manuseado como troféu de caça preciosa e, finalmente, desterrado para a Ilha Terceira, onde chega a 27 de Junho de 1896.

Aí goza de uma certa liberdade e respeito, chegando a ser baptizado com o nome de Reynaldo Frederico Gungunhana


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Acontecimentos no ano de 1895-10ºparte

  • Morte de Carlos Lobo de Avila
Escritor, jornalista, deputado, ministro de estado,

Nascera em Lisboa a 17 de Março de 1860, e faleceu igualmente em Lisboa a 9 de Setembro de 1895.

Era filho do conde de Valbom, Joaquim Tomás Lobo de Ávila, e de sua mulher, a condessa D. Maria Francisca de Paula Orta, filha dos 1.os viscondes de Orta.

Era ministro das Obras púbicas do governo de Hintze Ribeiro desde 20 de Dezembro de 1893, qando substituira Bernardino Machado naquele cargo, passando de Dezembro de 1894 a ministro dos Negócios Estrangeiros.

Carlos Lobo de Ávila faleceu quase repentinamente, aos 34 anos de idade, depois de regressar do Gerês, onde estivera fazendo uso das águas.

  • Outubro,14-Congresso socialista em Tomar

O Partido Socialista Português existiu entre 1895 e 1930. A sua criação resultou de uma conferência nacional-socialista realizada em Tomar a 14 de Outubro de 1895, na qual foi confirmada a separação entre as duas correntes socialistas existentes.

Em 1875 foi fundado o Partido Socialista por proposta de Azedo Gneco.

Para redigir o programa foi criada uma comissão composta, entre outros, por José Fontana, Azedo Gneco, Nobre França e Antero de Quental.

No ano de 1877 realizou-se o primeiro congresso nacional-socialista e o segundo em 1879. Neste último, o Partido passou a ter uma nova designação - Partido dos Operários Socialistas em Portugal. A realização de dois congressos internacionais socialistas em Paris, em 1889, cada um deles subordinado a uma corrente socialista diferente, deu origem a que duas facções, a possibilista e a marxista, dividissem os socialistas.

Na conferência de Tomar de 1895, os marxistas, como Azedo Gneco e Luís de Figueiredo, formaram, com um novo programa, o Partido Socialista Português.

  • Novembro,26-Jacinto Candido nomeado ministro da Marinha

Jacinto Cândido da Silva, tinha iniciado uma carreira na administração pública em Lisboa, sendo nomeado chefe de uma das repartições da Direcção-Geral da Marinha e Ultramar e ajudante do Procurador-Geral da Coroa.

A ascensão de Hintze Ribeiro seu conterrâneo e correligionário político, ao cargo de presidente do ministério levou a uma reaproximação de Jacinto Cândido às posições do Partido Regenerador.


Foi assim que aceitou substituir Neves Ferreira no cargo de Ministro da Marinha e Ultramar, quando este se demitiu do governo Hintze-Franco, exercendo o cargo entre Novembro de 1895 até 7 de Fevereiro de 1997


Como Ministro da Marinha e do Ultramar, apesar do curto período em que ocupou o cargo, desenvolveu um trabalho de reconhecido valor, que o tornou célebre mercê do seu plano para a renovação da Armada, que pacificou acabando com os constantes motins.


Neste campo notabilizou-se pela a construção quase simultânea de quatro cruzadores: o D. Carlos, construído em estaleiros ingleses; o São Gabriel e o São Rafael; em estaleiros franceses, e o D. Amélia no Arsenal da Marinha, o que constituiu uma vitória para a indústria naval portuguesa do tempo



Acontecimentos no ano de 1895-9ºparte

  • Setembro,13-Revolta dos soldados maratas no Estado da Índia.
D.Carlos enviou o seu irmão o infante D.Afonso no comando da expedição à Índia, que ali chegou em Novembro deste mesmo ano, para à frente de 2 companhias de infantaria, 1 de cavalaria e uma secção de artilharia, acabar com a revolução dos maratas que se haviam recusado a embarcar para Moçambique na sequência da revolução zulu que ali decorria.

A força militar era pobre com apenas 600 cartuchos por soldado e apenas duas peças de artilharia.

Força pobre mas suficiente afinal, para abafar a revolta que o infante tentou resolver com uma amnistia que o governador Jácome de Andrade, ignorou ordenando fuzilamentos e castigos, que lhe valeu a deposição do cargo tendo o próprio infante D.Afonso Henrique assumido o cargo.

  • Novembro,15-Morte de Martens Ferrão


João Baptista da Silva Ferrão de Carvalho Martens , mais conhecido por Martens Ferrão, foi um jurisconsulto, magistrado e político português, que entre outras funções foi deputado à Cortes e par do Reino, ministro e Procurador-Geral da Coroa.

Na fase final da sua vida exerceu funções de embaixador de Portugal junto da Santa Sé, qualidade em que negociou a Concordata de 23 de Maio de 1886.

Celebrizou-se com a aprovação em parlamento de uma proposta de reorganização da administração do território, a qual teve contudo vida efémera, já que a contestação popular à extinção de municípios e distritos levou às manifestações da Janeirinha e à consequente queda do governo e revogação da reforma.

Acontecimentos no ano de 1895-7ºparte

Sempre foi mais fácil governar em ditadura, afastado o “incómodo” da Assembleia, o governo tratou de elaborar um conjunto de reformas, cujo significado político se pode resumir à “simplificação” da vida política, ou melhor ao reforço do poder do governo.

Procederam a algumas alterações no Código Administrativo e da própria lei eleitoral, que remeteram desde logo as futuras eleições para o fim de 1895 e a própria carta Constitucional, que também virá a ser alterada em Setembro.

A alteração da lei eleitoral, tinha por objectivo retirar a representatividade das forças políticas minoritárias que havia sido promulgado na lei eleitoral de 1884.

Um conjunto de medidas cujo alvo principal era o Partido Republicano, que tinha a sua principal força eleitoral em Lisboa e Porto, consequentemente ao retirarem a esses dois círculos o destaque que tinham anteriormente, englobando-os nos restantes distritos, era uma medida fundamental, para conseguir esse objectivo.

Se por um lado se alargava a quota eleitoral ao permitir o voto a maiores de 21 anos com renda anual mínima de 500 réis, cerca de metade do exigido anteriormente, retirava a capacidade electiva aos chefes de família, como condição suficiente, que teria permitido anteriormente a influentes republicanos inscrever gente pobre e analfabeta nos recenseamentos eleitorais, o que agora iria ser retirado.

Também se alterou o estatuto eleitoral dos funcionários públicos, estabelecendo-se um “numerus clausus” que sob a alegação da monopolização da representação parlamentar, se justificava para alguns saneamentos, utilizando esse truque da incompatibilidade.

Contudo a aparente facilidade que decorria neste ano de 1895, governado em ditadura pelo partido Regenerador, não vivia internamente em bom clima, devido ás relações tensas já anteriormente focadas entre Hintze e João Franco.

Sobretudo pelo incerteza que este último tinha sobre o afecto de D.Carlos, a dúvida persistia se em caso de necessidade de opção real entre os dois D.Carlos optaria por si.

João Franco era um manobrador, um homem ambicioso, que se movia na sombra, o seu ódio por Hintze, não deixava de estar sempre presente nas suas atitudes. Em Setembro deste ano, conjuntamente com Carlos Lobo Ávila, o “Carlotinha”, procuravam um “velho decorativo”, para substituir Hintze Ribeiro, baseados na importância da influência desse tal “Carlotinha”, junto do Rei.

Entretanto Carlos Lobo Ávila morre antes de terem conseguido encontrar a solução que procuravam.

Assim aconteceram as eleições em 17 de Novembro de 1895, que não contaram com a presença das forças da oposição, em resposta à publicação da referida lei eleitoral de 28 de Março.

A câmara eleita foi então constituída apenas por partidários do governo Regenerador, estava reconstituído o Solar dos Barrigas

Acontecimentos no ano de 1895-6ºparte

  • Campanhas em África
O tratado luso-britânico de 1891 havia proposto uma nova delimitação de fronteiras em Moçambique, mas as sucessivas revoltas de diversas etnias naquele território, que naturalmente e independentemente de não aceitarem ser colonizadas mas que por outro lado, queriam tirar partido de querelas territoriais sobretudo entre Portugal e os Britânicos, não facilitavam a vida a Portugal.

Em 14 de Outubro de 1894 grupos indígenas chegaram a sitiar e saquear Lourenço Marques que só não foi completamente destruída, graças à intervenção dos barcos de guerra portugueses fundeados no porto que dos seus navios bombardearam os atacantes, obrigando-os a retirar.

O comissário régio para Moçambique, António Enes tinha naturalmente como principal missão a pacificação daquele território.

A população portuguesa era diminuta e foi necessário reforçar o contingente armado com tropas enviadas de Portugal, em cerca de 3000 homens número avultado, para a época.

O contra-ataque aconteceu sob o comando de Caldas Xavier que obtém uma vitória de relevo em Marraquene a 2 de Fevereiro de 1895 e onde já participaram alguns vultos da história militar que iriam ter grande destaque, na guerra que seria conhecida como a da Pacificação dos nativos.

Essa vitória sobre os Landins, nas margens do rio Incomati, não acabou com a resistência desse grupo étnico, que continuaram combatendo na região, pelo que a campanha portuguesa continuou agora sob o comando de Freire de Andrade e Paiva Couceiro.

Nova batalha em Magul a 8 de Setembro de 1895 que aumentou o prestígio militar português, pois faça-se ideia do que teria sido por-se a circular a notícia que o celebre quadrado militar português com apenas 320 homens, havia de derrotar cerca de 6000 nativos.

Uma vez derrotados os Landins, havia que dominar os Vátuas do poderoso Gungunhana, que contava com milhares de guerreiros. Novas vitórias aconteceram sempre o número desproporcionado das forças em combate elevavam o grau de heroicidade nacional ,muito embora o governador Enes reconhecesse que tinham sido "rápidos duelos entre o moderno armamento europeu e a força bruta do número".

O epílogo na guerra contra os Vátuas, aconteceu em Chaimite em 27 de Dezembro de 1895 quando Mouzinho de Albuquerque aprisionou o régulo Gungunhana, num episódio por demais conhecido em que para o humilhar mandou o poderoso régulo sentar-se no chão, levando-o preso para Lourenço Marques e mais tarde para Lisboa

A 4 de Abril de 1953 foi estreado no Monumental, em Lisboa, o filme Chaimite, rodado em Moçambique, do realizador Jorge Brum do Canto.

Lembro-me de ter visto este filme em miúdo e da resposta de Gungunhana à ordem de Mouzinho de Albuquerque para se sentar, disse "Está sujo".

sábado, 3 de dezembro de 2011

Acontecimentos no ano de 1895-5ºparte



  • Março,08-D.Carlos condecora João de Deus
No dia do seu 65º aniversário, é organizada uma grande homenagem ao poeta à qual se associou o Rei D. Carlos, contrariamente à tradição portuguesa que só reconhece os seus grandes depois de mortos.

Foi-lhe proposto um título nobiliárquico, que recusou. A Academia Real das Ciências proclamou-o Sócio de Honra. Em resposta à homenagem de estudantes de todo o país que se dirigiram a sua casa em grande cortejo, João de Deus assoma à varanda e declama de improviso:

Estas honras e este culto
Bem se podiam prestar
A homens de grande vulto.
Mas a mim, poeta inculto,
Espontâneo, popular...
É deveras singular!

  • Maio,25-Congresso Católico Internacional em Lisboa, durante as comemorações de Santo António.
  • Há manifestações anti-clericais, por ocasião da procissão, surgindo uma autêntica caçada aos padres que a própria imprensa republicana considera selvagem. Gritam abaixo as sotainas. A procissão, presidida por Burnay, é destroçada por manifestantes, liderados por Heliodoro Salgado, unidos da Liga Progresso e Liberdade, na Rua do Ouro, enquanto os maçons organizam um cortejo cívico que se dirige ao cemitério dos Prazeres

Acontecimentos no ano de 1895-4ºparte

  • Março,28-Dissolução da Câmara dos Deputados,

encerrada desde 28 de Novembro de 1894.Nova lei eleitoral, abolindo círculos uninominais, extinguindo o direito de voto por simples chefia de família,o que afasta os eleitores mais pobres, prejudicando em princípio sobretudo os republicanos.

  • Março,28-Nova lei eleitoral
reduz para metade o colégio eleitoral, contrariando a tradição universalista de Fontes. Para 5 237 280 habitantes no continente e ilhas, há apenas 493 869 eleitores (9,4% da população total).

Redução para 120 deputados, regressando-se aos círculos plurinominais distritais. Com a
predominância dos círculos plurinominais, ainda dentro do sistema misto, pela legislação regeneradora de 1895, surge a vitória regeneradora desse ano. Em 1896,vitória dos progressistas.

  • Abril,08-Morte de Manuel Pinheiro Chagas.
Nasceu em Lisboa. Frequentou o Colégio Militar, a Escola do Exército e a Escola Politécnica. As suas obras tiverem êxito imediato, êxito este que não se repercutiu após a morte do autor, sendo praticamente esquecido. Para isso muito contribuíram as polémicas entre ele e Eça de Queirós.

Foi o prefácio de Castilho á obra de poesia juvenil, apropriadamente intitulada Poema da Mocidade, que levou à eclosão da Questão Coimbrã, polémica onde o grupo de Pinheiro Chagas, Júlio de Castilho, Brito Aranha, Camilo Castelo Branco e Ramalho Ortigão enfrentou Teófilo Braga e Antero de Quental, num epifenómeno literário das tensões entre conservadorismo e reformismo que atravessavam a sociedade portuguesa de então

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Fonte: Prof Adelino Maltez

Acontecimentos no ano de 1895-3ºparte

  • Janeiro,29-Morte de António Luís de Seabra.
Notável jurisconsulto, ministro de Estado, bacharel formado em Leis pela Universidade de Coimbra, reitor da mesma Universidade, juiz da Relação do Porto, deputado, par do reino, juiz aposentado do Supremo Tribunal de Justiça,

  • Fevereiro,09-Novo contrato com o Banco de Portugal alivia a situação financeira do governo.
Por força do contrato celebrado com o Governo em Dezembro de 1887, o Banco de Portugal passou a exercer as funções de banqueiro do Estado e caixa Geral do Tesouro, obrigando-se a criar agências em todas as capitais de distrito do Continente e Ilhas.
Funcionando provisoriamente apenas para os serviços do Tesouro, as agências foram instaladas e organizadas em definitivo. Em 1895, com a criação da Agência de Angra do Heroísmo, todo o processo estava concluído.

  • Março,02-Sexto Congresso do Partido Republicano, em Lisboa.
A polícia impede a reunião, mas, no dia seguinte, em ajuntamento secreto, é eleito novo directório: Eduardo de Abreu, Jacinto Nunes, Magalhães Lima e Gomes da Silva.

Joaquim Martins de Carvalho,director de O Conimbricense, adere formalmente aos republicanos, entre a monarquia quase absoluta, que aí existe e a República, o nosso caminho estava naturalmente traçado disse ele.



Acontecimentos no ano de 1895-2ºparte

  • Janeiro,13-António Enes desembarca em Lourenço Marques, como comissário régio, com o propósito de atacar o régulo Gungunhana, chefe dos Xanganas, que ameaçava transformar o seu reino num protectorado britânico.

Num relatório seu publicado em 1893, na qualidade de comissário régio nomeado desde 1891, com o encargo de proceder à execução do tratado anglo-português, nesse relatório dizia que não bastava promulgar leis para melhorar a situação sendo indispensável a sua entrega a homens com a necessária capacidade intelectual e moral para a dirigirem, numa crítica contundente dirigida à anteriores administrações ultramarinas.

Por certo o conteúdo desse relatório contribuiu para a sua nova nomeação que vira a dizer mais tarde nas suas memórias "estranha ás minhas aptidões profissionais, arredada da minha carreira pública, antipática ao meu carácter pacífico"

  • Janeiro,17-Ferreira de Almeida na marinha e ultramar em lugar de Neves Ferreira.


Defenderá que o país não pode administrar os territórios ultramarinos no número existente.

José Bento Ferreira d’Almeida (1847/1902) – Nascido em Faro, em prédio da Praça Ferreira d’Almeida (antes designada Terreiro da Cadeia, Largo da Cadeia, Praça Silva Porto e Largo da Palmeira).

Este militar e político era dotado de espírito conflituoso que o levou mesmo a agredir o Ministro da Marinha em pleno Parlamento. Governador de Moçamedes, Deputado e Par do Reino, Ferreira d’Almeida, que foi Ministro da Marinha, em 1895, e, nessa qualidade, fundou em Faro a Escola de Alunos Marinheiros do Sul, caracterizou-se por atitudes, como a de propor às Cortes a venda de Moçambique (o que não foi muito bem aceite na época)ou a de abolir os castigos corporais que ainda estavam em uso na Armada

Acontecimentos do ano de 1895-1ºparte

  • Janeiro,07 - Morte de João Crisóstomo, antigo presidente do conselho
João Crisóstomo de Abreu e Sousa foi oficial de Engenharia e político, tendo entrado para a Câmara dos Deputados em 1861.

No 25.º Governo Constitucional, durante o reinado de D. Pedro V, foi Ministro da Marinha e Ultramar e das Obras Públicas, Comércio e Indústria (1864-1865).

Enquanto detentor destas pastas promoveu várias reformas legislativas como, por exemplo, uma reforma do ensino industrial.

Durante o reinado de D. Luís I, no 37.º Governo Constitucional, foi Ministro da Guerra.

Após o Ultimato inglês e a demissão do governo de José Luciano de Castro, João Crisóstomo presidiu a um governo nacional extrapartidário em 1890.

  • Janeiro,10-Novo Código de Justiça Militar,
restabelecendo a pena de morte, revogando-se o artigo 16 do Acto Adicional. Os Conselhos de Guerra passam a ser competentes para crimes contra a segurança do Estado cometidos por civis.

Janeiro, 12 - Manifestação de solidariedade de oficiais da Armada

depois da absolvição do comandante Augusto Castilho,preso à chegada a Lisboa, no ano anterior, por ter ajudado na revolta dos marinheiros brasileiros.

sábado, 19 de novembro de 2011

Acontecimentos no ano de 1894-5ºparte

* Julho-Decreto estabelecendo os Sindicatos Patronais Agrícolas, cujos objectivos não era o de um qualquer órgão de classe, mas apenas uma associação para análise técnica dos problemas da agricultura.

  • Dezembro,08-Florbela Espanca-nascimento

Foi em Vila Viçosa do Alentejo que nasceu em 8 de Dezembro de 1894, pouco tempo depois da suspensão da Assembleia dos Deputados referida na entrada anterior.

Filha de pai incógnito, expressão infelizmente usual em Portugal até 1974, foi lhe posto o nome de Flor Bela de Alma da Conceição.

Na literatura portuguesa será chamada Florbela Espanca, por mais tarde se ter revelado o apelido de seu pai.

Precoce já fazia poemas e ainda dava erros de ortografia, virá mais tarde cursar Direito em Lisboa.

Casa por 3 vezes mas a infelicidade latente em toda a sua poesia e o seu exacerbado egocentrismo, levam-na ao suicídio precisamente no dia em completaria 36 anos. Mais do que o relato biográfico da vida de Florbela Espanca,que pode ser acompanhado em

http://www.vidaslusofonas.pt/florbela_espanca.htm

interessa-me referir os dois poemas que mais gostei

A nossa casa

A nossa casa, Amor, a nossa casa!
Onde está ela, Amor, que não a vejo?
Na minha doida fantasia em brasa
Constrói-a, num instante, o meu desejo!

Onde está ela, Amor, a nossa casa,
O bem que neste mundo mais invejo?
O brando ninho aonde o nosso beijo
Será mais puro e doce que uma asa?

Sonho... que eu e tu, dois pobrezinhos,
Andamos de mãos dadas, nos caminhos
Duma terra de rosas, num jardim,

Num país de ilusão que nunca vi...
E que eu moro - tão bom! - dentro de ti
E tu, ó meu Amor, dentro de mim...

e

Se tu viesses ver-me...

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

Acontecimentos no ano de 1894-4ºparte

* Alterações no governo

Carlos Lobo dAvila passa a assumir a pasta do Ministério dos Negócios Estrangeiros substituindo Frederico Arouca enquanto Campos Henriques o substituía nas Obras Públicas

Político e escritor. Uma das figuras trágicas da política portuguesa. Director de O Tempo que fundou em 2 de Janeiro de 1889. Fez parte do grupo dos Vencidos da Vida. Amigo de Oliveira Martins. Filho de Tomás de Lobo d’Ávila.

Chamado o Carlotinha por causa das suas tendências homossexuais.

Começando por aderir aos progressistas, passa a ministro regenerador. Ministro das obras públicas, comércio e indústria no governo de Hintze, desde 20 de Dezembro de 1893, substituindo Bernardino Machado. Restringe o funcionamento das associações de classe em Janeiro de 1894.

Passa a ministro dos negócios estrangeiros, no mesmo governo de Hintze, em 1 de Setembro de 1894.


* Dezembro,09-Comício da União Liberal no Campo Pequeno contra o governo.

José Maria de Alpoim proclama que a pátria está em perigo. No Porto, o conde de Samodães também preside a comício de protesto no teatro do Príncipe Real, no dia 16, onde José de Alpoím pede que se hasteie para todos uma única bandeira, a bandeira da Democracia, bandeira que não se confunda com o estandarte real, que seja a bandeira da pátria.

O jornal progressista Soberania do Povo chega a proclamar que a monarquia está morta.

(retirado de )

* Dezembro,22-Reforma do ensino secundário (regulamentada a 14 de Agosto de 1895).

Os liceus passam a ter um curso geral de cinco anos e um curso complementar de dois anos.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Acontecimentos no ano de 1894-3ºparte

  • Maio,04-Abertura do parlamento é adiada para 1 de Outubro.
A abertura das cortes, foi adiada, porque o governo constatou que a reeleição da sua maioria. verificada como consequência das eleições de Abril, não era suficiente, devido ao acentuar das divergências entre Hintze e João Franco. Ambos se haviam excedido na distribuição de benesses, que a imprensa ia divulgando, procurando apoio para as suas causas.

Esse clima de insegurança justifica o adiamento, ambos sabiam que precisavam do Rei, para resolver a questão do poder na chefia do governo.

  • Julho,02-Manifesto da União Liberal (coligação entre Progressistas e Republicanos) apelando ao boicote ao pagamento de impostos.
Esta União Liberal surge na sequência da forte contestação ao adiamento da reabertura do parlamento para 1 de Outubro. José Luciano lider Progressista queria lançar uma campanha de comícios, em conjunto com o envio de mensagens de desagrado ao Rei e boicote ao pagamento de impostos.

Nascia a União Liberal unindo aqueles dois partidos e antigos Regeneradores desavindos com Franco e Hintze Ribeiro.

A resposta do Rei, que não mostrou qualquer abertura em alterar a decisão tomada, exasperou a oposição afirmando D.Carlos se colocara fora da Constituição

Na Assembleia geral dos Progressistas no Porto em 7 de Junho, numa grande manifestação partidária com cerca de 2000 delegados, José Luciano propõe uma revisão constitucional que retire poderes ao Rei e outro conjunto de disposições de índole mais liberal.

Quando surge este manifesto que apelava ao boicote aos impostos, o presidente da Comissão executiva era o general João Crisóstomo
Julho-Decreto estabelecendo os Sindicatos Patronais Agrícolas, cujos objectivos não era o de um qualquer órgão de classe, mas apenas uma associação para análise técnica dos problemas da agricultura.

  • Agosto,24-Morte do historiador português Joaquim Pedro de Oliveira Martins.
Morre em apenas com 49 anos vitimado pela tuberculose tendo dito na hora da morte "Morro triste não levo saudades do Mundo".

Personagem de grande influência na corte, chegando a ser Ministro da Fazenda do governo de Dias Ferreira, com quem viria a desentender-se pouco tempo depois.
Autodidacta, publicou vários livros de economia e finanças, mas a História de Portugal seria a sua grande paixão, muito embora a sua visão dos factos, fosse constantemente prejudicada pela sua extrema "fogosidade interpretativa".

Acontecimentos no ano de 1894-2ºparte

  • Novas eleições parlamentares
Dizia-se que as deliberações do governo sem o voto de João Franco eram nulas,o que minava a confiança no sucesso do governo, acrescido pela animosidade entre Franco e Hintze.

Os primeiro tempos da governação foram consumidos nas negociações com os comités de credores externos, acabando por encontrar uma forma de acordo com a Lei de 19 de Maio de 1893. Afinal o governo de Dias Ferreira havia reduzido o ´défice para "apenas" 4.000 contos.

A solução encontrada pelas Finanças, foi ao usual aumento de impostos sobre a Industria e o Comércio o que motivou o natural protesto das associações de classe, levando o governo a recuar, por temer em especial a efervescência nos distritos do norte.

Não foi por certo por Fuschini, ministro da Fazenda , ter visto as suas propostas de aumento da Contribuição Industrial sido recusadas, que aconteceram eleições para o Parlamento que confirmaram o apoio ao Partido Regenerador no governo, onde os Republicanos apenas elegeram 3 deputados. Não obstante D.Carlos decide dissolver o Parlamento, marcando novas eleições para o dia 7 de Março de 1894, posteriormente adiadas para o dia 15 de Abril.

A teia de intrigas e compadrios que fazia parte do complexo sistema político, era excessivamente complicada, para não falar dos próprios meandros do processo eleitoral, muito diferente do que podemos conceber nos nossos dias. Aquilo que hoje se poderia catalogar como caciquismo, é uma brincadeira de crianças comparado com o processo eleitoral desse tempo.

As eleições era o reflexo de meros acordos,nesta altura negociado perfeitamente ao centro, entre Regeneradores e Progressistas, que para o efeito se consideravam Monárquicos coligados a esse nível de interesse contra Republicanos e outras formações mais à esquerda, dai que não possa surpreender que a grande remodelação acontecida após esse período eleitoral tenha sido a substituição de Augusto Fuschini e a sua Liga Liberal do elenco governativo, ao qual nunca mais voltaria.

Afinal um dos amigos mais íntimos del-rei, não havia resistido á voragem das querelas partidárias.


  • No preâmbulo do governo em ditadura
A reabertura das cortes em Outubro de 1894 não correram nada bem, gerou-se uma grande confusão, muito embora as eleições de 15 de Abril tivessem determinado a reeleição da quase totalidade da anterior assembleia, menos uns 10 nomes.A oposição deu-lhe o nome do solar dos barrigas e o governo de ser o partido dos empregados públicos.

A guerra instalada entre os partidários de Hintze e Franco e a distribuição dos tachos fez com que nem se chegasse a perceber quem queria mais romper com a "saúde" da Assembleia.

Aconteceu então que em 28 de Novembro de 1894 a assembleia foi suspensa acabando por ser de novo dissolvida em 28 de Março de 1895.

Portanto desde Novembro de 1894 governou-se em regime de ditadura, apesar da oposição organizar grandes comícios de protesto.

A ditadura invoca a circunstância de governar contra os intriguistas e contra a política burocrática (João Franco). O conde de Ficalho dizia então que quem deve governar é quem paga,tudo o mais são histórias .

Ramalho Ortigão, considerava então que da eleição popular não sai nunca para o Governo aquele que mais sabe, mas sim aquele que mais intriga.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Acontecimentos no ano de 1894-1ºparte

  • Janeiro,31-O governo dissolve as Associações Comercial e dos Lojistas de Lisboa substituídas em 12/2 por uma Câmara de Comercio e Industria.
O início deste ano, foi marcado por forte agitação nas ruas, inspirada pelas Associações Comercial, da Industria e dos Lojistas de Lisboa, cujas assembleias eram dominadas por oradores "incendiários", que como já acontecera em 1891, podiam gerar situações de muita violência.

No dia 29 de Janeiro, convocaram um comício de protesto para o Coliseu dos Recreios, contra o aumento dos impostos, Face à proibição desse comício pelo governo, que desencadeou uma greve generalizada, encerrando todos os estabelecimentos, escritórios e oficinas a Baixa de Lisboa.

O governo tentou convencer os lojistas a manterem os estabelecimentos abertos, mas foi em vão. Era uma segunda-feira que parecia um domingo, como se disse na altura.

E assim no dia 31 de Janeiro o governo acabou por decretar a dissolução dessas Associações. O rei entretanto regressara de Vila Viçosa e no dia seguinte passeou-se na sua carruagem para ver o ambiente, como ele gostava de fazer, como forma de avaliação da situação junto do povo.

Chegou a receber os representantes dessas Associações e o governo acabou por prometer rever as reformas fiscais que tinham estado na origem do incidente.
  • Março,04-D.Carlos participa nas comemorações do centenário do Infante D.Henrique
Depois de muitos trabalhos e contrariedades, constituiu-se em 1892 uma grande comissão que dedicadamente trabalhou, celebrando-se no Porto, sua terra natal, o centenário do infante D. Henrique com toda a solenidade e brilhantismo .

Efectuaram-se as festas nos dias 1, 2, 3 e 4 de Março de 1894, sendo os dias 3 e 4 considerados de grande gala, por decreto de 28 de Fevereiro de 1894.


No dia 4 foi solenemente assente a primeira pedra no momento, na praça do Infante D. Henrique, assistindo a esta cerimónia suas majestades el-rei senhor D. Carlos e a rainha senhora D. Amélia, representantes do governo, autoridades, etc.

O monumento é obra do escultor Tomás Costa, e inaugurou-se, também com a assistência da família real, em 31 de Outubro de 1900.

A estátua encontra-se no Largo do Palácio da Bolsa, hoje designado Praça do Infante D. Henrique, no Porto
Publicou-se também na altura um livro, profusamente ilustrado, com muitos artigos e notícias curiosas.
  • Maio-Augusto Castilho é preso à chegada a Lisboa por ter ajudado na revolta dos marinheiros brasileiros.
Augusto de Castilho era ainda aspirante da Marinha, quando depois de ter servido em Angola, na Índia e em Moçambique, foi mandado para o Brasil, comandando uma divisão naval no Rio de Janeiro, para defender os interesses portugueses num conflito resultante do levantamento da esquadra brasileira. Desse conflito, onde se manteve inflexível à palavra dada numa determinada situação, que envolvia direitos de asilo, acabou por ser mandado regressar. Foi de imediato preso à chegada a Lisboa e levado a conselho de guerra, do qual saiu absolvido e nomeado de seguida comandante da Escola Naval.
  • Maio-Fundação em congresso a Confederação Nacional das Associações de Classe.
O movimento operário ia cada vez mais se aproximando dos Partidos Socialista e Republicano e cada vez mais a ser controlado pelo partido Socialista. Esta Confederação , que poderíamos comparar com a CGTP dos nossos dias, era constituída pelas Federações de Lisboa, Porto e Tomar.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Acontecimentos no ano de 1893-8ºparte

* Outubro,17-João Franco em nome da presumível ameaça anarquista, defende que sejam aplicados meios extraordinários de governo.

João Franco defende o fortalecimento da autoridade governamental fazendo promulgar uma lei que contem várias disposições repressivas contra opositores ao regime. Os sectores da oposição chamam à lei de João Franco, «Lei Celerada».

O seu impacto seria tão forte que não se conseguiria mais livrar do seu espectro, mesmo quando quis revê-la, oito anos mais tarde, já como Presidente do Conselho de Ministros.

* Novembro,30-Liga liberal publica moção de apoio ao ministro Augusto Fuschini.

Augusto Fuschini como Ministro da Fazenda tinha opiniões avançadas especialmente sobre questões sociais e económicas e a sua entrada para o governo causou geral surpresa e muita expectativa.


* Dezembro,07-Dissolução da Câmara dos Deputados, são marcadas eleições para 7 de Março de 1894.

* Dezembro,20-Augusto Fuschini e Bernardino Machado demitem-se do governo.

Pela vastidão dos conhecimentos económicos, de Augusto Fuschini e pelas apreciações publicas que tinha feito do estado do país, quer sob o ponto de vista da sua política interna e externa, quer a respeito das suas finanças, houve um movimento de interesse e curiosidade, esperando-se que o novo estadista convertesse em factos, as teorias que vinha sustentando.

A sua passagem pelo poder foi rápida, saindo do ministério por circunstâncias que ele largamente expôs no seu livro Liquidações políticas, que publicou em 1896.

As maquinações de João Franco e Carlos Lobo de Ávila produziram a consequência de fazer tombar do gabinete Fuschini e Bernardino, ou seja, precisamente aquelas que ainda lhe salvaguardavam os créditos de constitucionalidade liberal.


Bernardino Machado, foi ministro das obras publicas em 1893, e a ele se deve o decreto que autorizou a organização da exposição industrial portuguesa, que nesse ano se realizou nos salões do Museu Industrial e Comercial, instalado no edifício dos Jerónimos, cuja exposição se inaugurou no dia 28 de Julho.

Durante o seu ministério prestou bons serviços entre os quais se contam: a criação de algumas escolas industriais, o desenvolvimento da sericultura em Mirandela, Guarda e Coimbra, etc.

Publicou três decretos em protecção ao operariado: regulando o trabalho das mulheres e dos menores nas fabricas industriais, regulando as bolsas do trabalho.
(respigado do portal da História)

* Dezembro,20-Remodelação governamental-Hintze na Fazenda, Correia Arouca no estrangeiros e Lobo Ávila nas obras públicas.

Depois de muita intriga e jogo de bastidores, o conhecido filho do Conde Valbom, Lobo Ávila, conhecido como o Carlotinha pelas sua presumível homossexualidade, é nomeado ministro das Obras Públicas em substituição de Bernardino Machado.

Correia Arouca volta a governo para o Ministério dos Negócios Estrangeiros, e o ministro Hintze Ribeiro acumula a pasta da fazenda em substituição de Fuschini

sábado, 1 de outubro de 2011

Acontecimentos no ano de 1893-7ºparte

  • Julho,15-Discurso parlamentar de Carlos Lobo de Ávila sobre a conferência de Badajoz.

Discurso parlamentar de Carlos Lobo de Ávila sobre a conferência de Badajoz, acusando os republicanos de Iberístas. Veiga Beirão e José de Alpoím apoiam a postura de Lobo de Ávila. Defende-se o deputado republicano Jacinto Nunes, declarando que os republicanos portugueses não são iberístas, apenas se tendo concertado com os republicanos espanhóis, quanto à forma de extinção da monarquia nos dois países.

  • Agosto,23-Criado o Juízo de Investigação Criminal
dirigido por Francisco Maria Viegas, que viria a constituir-se numa verdadeira polícia política. Correspondendo também a uma reorganização geral das polícias.

Por este decreto, a Polícia Civil de Lisboa é dividida em três ramos: Polícia de Segurança Pública, Polícia de Investigação Judiciária e Preventiva e Polícia de Inspecção Administrativa.

A Polícia de Investigação Judiciária e Preventiva tem a seu cargo a investigação criminal e a recolha de informações úteis à segurança;
  • Agosto,27-Inaugurado o cabo submarino para os Açores.

Em 1893 foi a vez da Eastern Telegraph Company Limited propocionar aos Açores, elevarem o seu protagonismo enquanto ponto de excelência para a passagem das comunicações submarinas transatlânticas.

A Europe and Azores Telegraph Company, Limited, subsidiária da grande Eastern, veio então desempenhar um papel cimeiro no regime de concessões do Estado português. Tendo as ilhas açorianas como plataforma giratória, os cabos aqui atracados alargaram os circuitos com a América do Norte e vários pontos da Europa.

  • Setembro,28-É Fundado o Futebol Clube do Porto.
O Foot-ball Club do Porto foi fundado no dia 28 de Setembro de 1893 por António Nicolau d'Almeida, um comerciante de vinho do Porto que descobriu o futebol nas suas viagens a Inglaterra.

A fundação do Foot-ball Club do Porto foi notícia nos jornais da época e o evento mais significativo desta primeira e breve existência do clube foi uma partida contra o Club Lisbonense, com o alto patrocínio do Rei D. Carlos, disputada no Porto no dia 2 de Março de 1894 e na qual cada clube representou a sua cidade.

Contudo, poucos dias depois da partida ouvir-se-ia falar do FC Porto pela última vez no século XIX; António Nicolau d'Almeida acedeu ao pedido da futura esposa, que considerava o futebol uma modalidade demasiado violenta, e afastou-se do clube que entrou num período de letargia.

domingo, 18 de setembro de 2011

Acontecimentos no ano de 1893-6ºparte

  • Junho,24-Reunião dos republicanos espanhóis em Badajoz
isso contribui para o descrédito dos republicanos portugueses, pelas ilações que a presença de alguns republicanos portugueses como Eduardo de Abreu, Jacinto Nunes, Teixeira de Queirós, Gomes da Silva, Magalhães Lima, Feio Terenas e Cunha e Costa entre outros, onde se defendeu a necessidade de instauração de uma federação ibérica.
  • Junho,27-Conferência do agrónomo Louis Grandeau na Sociedade de Geografia de Lisboa sobre a cultura do trigo.

Grande cientista aplica os seus conhecimentos com doutoramentos também em medicina e farmácia, na reformulação de novos conceitos agrícolas, introduzindo produtos químicos na produção agrícola com vista a aumentar a sua produtividade.
Julho-Lei que delimita a liberdade de reunião.

As constantes notícias sobre a eventualidade duma bancarrota, fazem aumentar o efeitos da propaganda socialista sobre a necessidade da sua institucionalização. Assim os organizadores passaram a ter a obrigação de informar as "autoridades", governador civíl ou administrador de concelho da organização as suas reuniões com 24 ou 48 horas de antecedência.

  • Julho-Lei que delimita a liberdade de reunião.

As constantes notícias sobre a eventualidade duma bancarrota, fazem aumentar o efeitos da propaganda socialista sobre a necessidade da sua institucionalização. Assim os organizadores passaram a ter a obrigação de informar as "autoridades", governador civíl ou administrador de concelho da organização as suas reuniões com 24 ou 48 horas de antecedência.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Acontecimentos no ano de 1893-5ªparte


  • Maio,01-Manifestação socialista ao túmulo de José Fontana.Comício no teatro da praça da Alegria.

José Fontana nasceu na Suíça em 1841 tendo-se suicidado em 1876. Radicou-se em Portugal e foi um dos fundadores do Partido Socialista e redigiu os estatutos da Associação Fraternidade Operária.

Nos últimos anos da sua vida filiou-se na Maçonaria, suicidando-se quando já era sócio-gerente da Livraria Bertrand. Tendo uma origem operária, foi um dos defensores das classes trabalhadoras. Antero de Quental foi seu grande amigo e co-fundador do Partido Socialista.

A União Operária do 1º de Maio, organizadora da jornada, publicou um manifesto apelando a todos os operários para que considerassem feriado o dia 1ºde Maio, e decidiu que a manifestação se processasse de três formas: cortejo cívico, de manhã; um comício à tarde e sessões alusivas ao acto, à noite, nas várias associações operárias.

O cortejo saiu do Pátio do Salema e dirigiu‑se ao Cemitério dos Prazeres, onde se concentraram 10 mil manifestantes. Depois de terem prestado homenagem a José Fontana, os manifestantes dirigiram‑se para os terrenos onde existira o Teatro Alegria (na Rua da Alegria), a fim de participarem no comício. Neste falaram vários oradores e foram aprovadas as reclamações operárias sobre as 8 horas.

* Maio,15-Reabertura das Cortes. Apresentadas as propostas de reforma da fazenda pública.

Depois dum interregno de quase três meses o governo volta com um programa intenso de agravamento de impostos. As associações Comerciais e Industriais e dos Lojistas protestam e Augusto Fuschini foi desde logo obrigado a desistir do agravamento da contribuição predial, também por igual pressão interna pela parte de João Franco e Hintze, que temiam excitação dos "distritos do norte".

* Maio,20-Acordo com os credores externos da dívida pública portuguesa.

O próprio rei acompanhou com cuidado as negociações com os negociadores com os credores externos, recomendado que a dignidade do País fosse sempre respeitada

Acontecimentos no ano de 1893-4ªparte


  • Decreto de amnistia de crimes políticos, em que são abrangidos alguns dirigentes republicanos como João Chagas, Alves da Veiga e Sampaio Bruno
Em virtude da amnistia decretada para os então criminosos políticos da classe civil, regressaram a Portugal João Chagas que estava encerrado na fortaleza de S.Miguel. Alves da Veiga que na revolta de 31 de Janeiro de 1891, fora uma das figures primaciais, foi ele que leu das janelas da câmara municipal a proclamação do novo governo ao povo, emigrara para Paris, onde se conservaria depois da amnistia.
Sampaio Bruno que se encontrava em Paris exilado voltaria a Portugal em 1893

* Abril,07-Nascimento de Almada Negreiros artista e escritor.

Nasceu em S.Tomé. Seu nome completo José Sobral de Almada Negreiros.

Foi um dos fundadores da revista “Orpheu”(1915), veículo de introdução do modernismo em Portugal, onde conviveu de perto com Fernando Pessoa. Além da literatura e da pintura a óleo, Almada desenvolveu ainda composições coreográficas para ballet. Trabalhou em tapeçaria, gravura, pintura mural, caricatura, mosaico, azulejo e vitral.
Um artista completo, clicar para ler mais sobre Almada Negreiros.


* Abril,12-D.Maria Pia parte para Itália para assistir ás bodas de prata do rei Humberto I

Bodas de prata do seu casamento com Margarida de Sabóia. Humberto I era rei de Itália, desde 1878, filho de Vítor Emanuel II, portanto irmão de D.Maria Pia mãe do rei D.Carlos

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Acontecimentos no ano de 1893-3ºparte

* Fevereiro,25-Carlos Zeferino Pinto Coelho-morte do chefe do Partido Legitimísta.

Partido que defendia os direitos sucessórios de D.Miguel, cuja causa pretendia após o triunfo liberal, ser dispensado do juramento aos Braganças reinantes que reivindicavam desde o tempo de D.Maria II.Estrategicamente alinhavam com as teses do Partido Progressista.


* Março,16-Decreto que regulamenta o trabalho das mulheres e dos menores.

A idade legal para trabalhar passa para os 16 anos para os homens e 21 anos par as mulheres.

Proibição das mulheres trabalharem mas primeiras 4 semanas após o parto.
Fábricas que empregassem mais de 50 mulheres, eram obrigadas a instalar uma creche a menos de 300 metros do local de trabalho.

Previa-se a possibilidade das mães se ausentarem do trabalho, par amamentarem os filhos.

Iniciativas legislativas por iniciativa do então Ministro das Obras Públicas Dr. Bernardino Machado.

Acontecimentos no ano de 1893-2ºparte

  • O novo governo de Hintze Ribeiro
A demissão do governo de Dias Ferreira, significou o fim das soluções extra partidárias tentadas por D.Carlos I, voltado a designar governos de cariz partidário, neste caso procurou solução no âmbito do partido Regenerador.

Naturalmente o nome indicado seria o de Serpa Pimentel, mas o convite é dirigido a Hintze Ribeiro para a chefia do governo,que se iria encarregar igualmente da pasta dos Estrangeiros, enquanto para a importante pasta do Reino surgia o nome de João Franco.

Homens diferentes, Hintze açoriano e Franco beirão, caracterizado pelo sotaque que fazia as delicias da imprensa da oposição chamando-lhe o XOÂO.

Ambos bacharéis em direito pela Universidade de Coimbra, singraram rapidamente na política.

Ribeiro, mais velho 6 anos, sóbrio e grave era inexcedível em colocar um problema, metódico e claro. Franco, um grande orador, eloquente e de discurso fácil.
Finalmente, diga-se que as suas relações eram más, nem se falavam.

Aparentemente, João Franco, parecia á partida melhor colocado, para a chefia de um novo governo regenerador, por força da sua melhor colocação, junto da corte de influência do rei, onde pontificava a figura de Carlos Ávila (o Carlotinha) filho do conde de Valbom, um dos mais célebres lideres da esquerda portuguesa.

A razão porque D.Carlos preferia um governo Regenerador era porque, era esse partido que detinha a maioria no parlamento, muito embora Serpa Pimentel lhes não tivesse autoridade, enquanto líder do partido, daí com certeza a motivação de D.Carlos em convidar alguém que fosse minimamente credível no parlamento.

Segundo Rui Ramos António de Serpa Pimentel, terá amuado, por ter sido marginalizado, tentando negar ao governo a qualidade de Regenerador.

Para o professor Adelino Maltez, o rei terá convidado Serpa Pimentel e este é que terá recusado, por ser na altura administrador da companhia dos Caminhos de Ferro do Norte e Leste.

De qualquer forma o governo criado, não foi um governo Regenerador, foi mais uma vez um governo que se pretendia de compromisso, englobando antigos Regeneradores e também antigos Progressistas.

Augusto Fuschini,(Finanças) e Bernardino Machado(Obras públicas), maçons e com credenciais esquerdistas.
Neves Ferreira(Ultramar e Marinha) antigo governador de Moçambique
Completavam o leque governamental Pimentel Pinto(Guerra) e António Castelo Branco (Justiça), sobrinho de Camilo Castelo Branco.

Assim foi criado a 23 de Fevereiro de 1893 o 5º governo de D.Carlos I

* Fevereiro,20-Comício autonomista nos Açores no Teatro Micaelense.

Falar de autonomia açoriana é referir a figura de Duarte de Andrade Albuquerque Bettencourt , um grande proprietário, aparentado com as grandes famílias da ilha de São Miguel, bacharel formado em Direito pela Universidade de Coimbra, foi um dos mais influentes políticos do Partido Regenerador. Porém aderiu aos ideais autonomistas, contra as indicações do seu partido, sendo eleito por aclamação membro da Comissão Autonómica de Ponta Delgada durante este comício autonomista realizado no Teatro Micaelense de Ponta Delgada.

Na sequência desses acontecimentos, viria a integrar a lista autonomista que concorreu às eleições gerais de 15 de Abril de 1894 (30.ª legislatura da Monarquia Constitucional Portuguesa) pelo círculo eleitoral de Ponta Delgada, sendo eleito deputado.


quinta-feira, 30 de junho de 2011

Morte de Rosa Araújo-Um Político como já não há




Filho dum rico comerciante, desde novo se interessou pela política veementemente discutida na confeitaria de seu pai, na rua de S. Nicolau, (nos actuais números 44 e 48) em Lisboa, levando-o a participar na revolução da Maria da Fonte em 1846 e a sócio do Clube dos Camilos.

Grande militante do associativismo, era membro de várias entidades que mais serviços prestavam aos mais desfavorecidos.

A Confeitaria conhecida pela Confeitaria Cocó, vêm do tempo do seu avô, pelo facto dele chamar da porta da sua loja os rapazes que por ali passavam para lhes dar um rebuçado, um cocó, como ele dizia.

Mais tarde este apodo passou a nomear a gloriosa especialidade da casa – os célebres pastéis de ovos finíssimo e gostosíssimo folhado, obra-prima da doçaria nacional.

Foi vereador da câmara de Lisboa, depois seu Presidente, estando associado à reformulação da Avenida da Liberdade, que tinha outra configuração arquitectónica do tempo do Passeio Público pombalino.

Um dia, em 24 de Julho de 1879, inauguraram-se as obras do grande empreendimento com a demolição do Teatro Variedades e da velha Praça do Salitre. Vinte e dois contos, (…) foi a quantia que a Câmara despendeu com a expropriação daqueles dois edifícios e foi também a quantia que ela ficou a dever, na ocasião, ao presidente da sua vereação. Depois procedeu-se à demolição dos prédios da rua do Salitre, rua que chegava até à das Pretas, e em seguida à dos que existiam na praça da Alegria de Baixo.

Rosa Araújo, tinha uma grande fortuna herdada de seu pai, não só através da referida confeitaria, como também duma casa bancária que estabelecera na rua do Arco Bandeira em Lisboa, porém a sua extrema bondade fazia com que a sua bolsa estivesse sempre aberta aos que dela necessitavam. de tal forma que a fortuna chegou a estar muito comprometida, levando-o quase à pobreza.

Imagine o funeral deste homem, falecido em 26 de Janeiro de 1893, com apenas 52 anos. O primeiro enterro que teve licença de passar pelo centro da Avenida da Liberdade foi o do próprio José Gregório da Rosa Araújo.

A confeitaria lá continuou a fazer o seu negócio, a vender os seus afamados folhados com doce de ovos, os seus inimitáveis cocós, primeiro sob a administração do Tribunal do Comércio, depois, e por longos anos, como propriedade de Isidro Mendes da Silva, antigo empregado da casa, que em certa altura a trespassou a Tomaz Ferreira de Lima a quem sucedeu sua viúva que teve como associado na gerência da casa o Sr. Baptista Pinto.

Em 1938 fechou as suas portas; contava 105 anos de idade. Hoje está lá um bar e para vergonha desta cidade onde entre os seus defeitos ou as suas qualidades ainda avulta a inconsciência, os seus proprietários adoptaram para título comercial os apelidos do antigo presidente da Câmara Municipal! Bar Rosa Araújo! Como isto por não nos poder indignar, nos confrange.

( publicado do blog da Junta de Freguesia de São José

Acontecimentos no ano de 1893-1ºparte

  • Janeiro,01-Oliveira Martins publica o artigo “El-rei D.Carlos”.
Publica artigo na Semana Ilustrada, suplemento dominical do Jornal do Comércio, de Henrique Burnay (1837-1909), onde incita D. Carlos à ditadura. Aliás, parece unânime a rejeição do que está. Se uns falam na revolução vinda de baixo, outros apelam para a revolução vinda de cima. Tudo se tenta e no poder até estão proponentes da terapêutica intervencionista que, contudo, parecem não a saber operar.
(para ver notícia de referência clicar aqui)

  • Janeiro,14-Morte de José Falcão
Professor de Matemática na Universidade de Coimbra, nasceu em Miranda do Corvo grande defensor das ideias republicanas. Foi ele o encarregado de reorganizar o partido republicano no Porto, após a revolta falhada do 31 de Janeiro.
Teórico republicano publicou em 1884 a Cartilha do Povo um documento importante da propaganda republicana bem como vários artigos e o próprio Manifesto.
Proposto para deputado em 1892 a morte aos 51 anos veio por fim à sua vida

  • Fevereiro,01-Fundado o periódico católico Correio Nacional,
visando dar apoio à constituição do projecto de Centro Parlamentar Católico, iniciativa de Henrique Barros Gomes, Jerónimo Pimentel e do conde de Casal Ribeiro, mas que acaba por fracassar.

domingo, 19 de junho de 2011

Acontecimentos no ano de 1892-4ºparte

  • Outubro-Festa Comemorativa do 4º Centenário da descoberta da América.
Portugal fez-se representar nas festas comemorativas levando para essa exposição um modelo da caravela S.Rafael com que Vasco da Gama efectuara a primeira viagem à Índia

  • Outubro,23-Eleições gerais de deputados-regeneradores renovam a maioria obtida em Março de 1890.
Dias Ferreira consente que os regeneradores renovem a maioria dos deputados , obtendo 52 deputados, contra 33 progressistas, 26 dos seus próprios deputados e 8 independentes e 4 republicanos.

No circulo de Lisboa os republicanos obtém 25 % dos votos, e elegem Jacinto Nunes e João Chagas por acumulação de votos, sendo os outros eleitos Rodrigues de Freitas pelo Porto e Teixeira de Queirós por Santiago do Cacém

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Acontecimentos no ano de 1892-3ºparte

  • A duquesa de Palmela Maria Luísa de Sousa Holstein, funda as cozinhas económicas
Em Outubro de 1892, em virtude da miséria que grassava no país, a 3º duquesa de Palmela Maria Luísa de Sousa Holstein, funda as cozinhas económicas, com a finalidade de fornecer refeições gratuitas ou a preços reduzidos. Foi a própria duquesa do Palmela quem do seu bolso mandou comprar todo o equipamento, desde as mesas aos talheres, passando pelas cadeiras, fogões, etc. De França vieram algumas Irmãs da Caridade de São Vicente de Paula e, quando tudo estava organizado, inaugurou-se a primeira Cozinha Económica, na Travessa do Forno aos Prazeres, escolha criteriosa, dado ser das zonas com maior população de operários. O próprio rei D. Carlos mandava grande parte do produto das suas caçadas em Mafra e Vila Viçosa para se confeccionarem as refeições nas «Cozinhas Económicas» e os excedentes das pescarias levadas a efeito no iate real “Amélia” tinham o mesmo destino, diz-nos Rocha Martins.

  • Julho,04-D.Amélia recebe a Rosa de Ouro concedida pelo Papa ás Rainhas católicas.
A rosa de Ouro papal tinha um grande valor simbólico desde o sec.XI, quando Leão XI ao isentar o Convento de Santa Cruz de Woffenheim, condicionando essa isenção ao envio anual duma rosa de ouro à Santa Sé

A partir da segunda metade do século XX, as concessões da Rosa de Ouro tornaram-se mais raras, e foram todas conferidas a lugares, a maioria a santuários. Assim, a outorga da Rosa de Ouro pode ser considerado um grande privilégio.

A maior parte das Rosas de Ouro foram fundidas por seus destinatários, para reutilização do ouro, com fins monetários. Os exemplares antigos que subsistem são poucos

>>>>> Discurso de Pio XII quando da atribuição da Rosa de Ouro à catedral de Goa

É com vivo prazer que vemos esta luzida assistência, à austera cerimónia que estamos para realizar e que consagra a extraordinária distinção que a Santa Sé Apostólica quer dar à Catedral da nobre cidade de Goa para ser conservanda no Santuário do Bom Jesus, e nela à Nação fidelíssima. Não é a primeira vez que a Portugal cabe tão honorífica distinção. Bastaria lembrar a Rosa de oiro que Nosso grande predecessor Leão XIII mandou em 1892 à saudosa Rainha D. Amélia; e antes dela a Rosa de oiro concedida à igreja de S. Antonio de' Portoghesi, uma das duas igrejas que na cidade de Roma compartilham esta glória com as grandes basílicas.

Mas Nós nesta hora lembramos especialmente a Rosa de oiro que por bem duas vezes o grande Pontífice Leão X mandou a Dom Manuel primeiro, pelos insignes serviços prestados à causa da fé, com a venturosa epopéia do Oriente; epopéia que preparou o campo e forneceu os meios que tornarem possível o maravilhoso apostolado de S. Francisco Xavier; o qual por sua vez havia de ser o melhor expoente e o mais prodigioso realizador da vocação missionária de Portugal.

(Discurso do papa Pio XII em 1953)

Morte de Lopo Vaz de Sampaio e Melo



Lopo Vaz de Sampaio e Melo nasceu a 29 de Setembro de 1848, no concelho de Sabrosa,
e veio a falecer em 20 de Março de 1892.

Terminando a licenciatura em Direito, prosseguiu os estudos para obter o grau de doutor, que,no entanto, viria a interromper por ter sido eleito deputado na legislatura de 1870, pelo Partido Reformista. Quando foi reeleito em 1877, por via e uma eleição suplementar, já fazia parte das fileiras do Partido Regenerador.

Em 1880, foi alvo de uma grave doença e, aconselhado a experimentar a medicina estrangeira, visitou a França, a Bélgica e a Inglaterra, onde recolheu novos conhecimentos
sobre as práticas destes países em todos os assuntos que se podiam relacionar com a sua
posição burocrática.

Quando, em 25 de Março de 1881, António Rodrigues Sampaio foi chamado a constituir gabinete, convidou-o para ministro dos Negócios da Fazenda, após a recusa de Fontes Pereira de Melo. À frente dessa pasta, que sobraçou até 11 de Novembro de 1881, apoiou, com subsídios, um grupo de bancos do Porto a construir a linha férrea de Barca de Alva a Salamanca, sob o pretexto de obviar aos prejuízos que a Linha da Beira Alta podia causar à cidade nortenha, ao desviar o tráfego para a Figueira da Foz. Procedeu, ainda, à reforma da Contabilidade Pública, pela Carta de Lei de 25 de Junho, cujo legado se prolongou pelo século XX.

Regressou às funções ministeriais em 24 de Outubro de 1883, após uma reestruturação que
colocou na liderança do executivo Fontes Pereira de Melo. Abraçando, então, a pasta da Justiça, procedeu à reforma do Código Penal, antes de sair por ocasião da demissão do chefe do Governo, em 12 de Fevereiro de 1886.

Após a morte inesperada de Fontes Pereira de Melo, em 1887, assume um papel preponderante na vida interna do Partido Regenerador, ao ponto de recair em si a escolha daquele que viria a sero novo líder, António de Serpa Pimentel.

Na sequência do Ultimatum inglês, de 11 de Janeiro de 1890, que levou à demissão do governo progressista e à subida ao poder do Partido Regenerador, voltou a assumir a pasta
da Justiça, num período especialmente atribulado, a que respondeu com medidas de repressão.

É disso expressão a reforma da Lei da Imprensa, decretando-se a suspensão dos jornais em caso de abuso e a supressão por reincidência, e a firmeza com que tentou conter o povo
de Lisboa e Porto, o que lhe motivou os mais veementes protestos, sem lograr obter os resultados desejados.

A sua demissão – como, de resto, de todo o gabinete – viria a ocorrer em Setembro seguinte, motivada pela promulgação de um acordo com a Inglaterra.

No entanto, voltou às responsabilidades governativas em Maio de 1891, como ministro
dos Negócios do Reino e da Instrução Pública do executivo extrapartidário chefiado pelo
general João Crisóstomo, mas logo se viu privado do exercício das suas funções devido
a problemas de saúde, facto que o levou a ausentar-se da capital para tratamentos.

Quando retomou as pastas de que havia sido incumbido, pouco tempo restaria até à queda
do governo, que durou apenas sete meses.

Pelo meio, o seu estado de saúde agravara-se, sobrevivendo por pouco tempo ao fim da sua
última experiência governativa.

Foi, também, vogal do Supremo Tribunal Administrativo e par do Reino.

Acontecimentos no ano de 1892-1´parte

  • Janeiro,15-A escolha de Oliveira Martins

Perante a demissão de Mariano de Carvalho, as particularidades da vida política portuguesa vêm de novo ao de cima. O rei convidou Oliveira Martins, para assumir a pasta da Fazenda. Não era a primeira vez que D.Carlos, convidava este engenheiro militar para essa função, que anteriormente recusara.

A proximidade com o rei e a promessa expressa por este de ser aberto um rigoroso inquérito sobre as questões da Companhia dos Caminhos-de-Ferro, levaram-no a aceitar não sem antes ter "exigido" a entrada no governo de "outra pessoa".

Tratava-se de José Dias Ferreira que Oliveira Martins queria para chefe do governo, contra a vontade do rei, que queria uma personalidade Regeneradora, como o conde de Valbom, que por certo manteria os ministros anteriores, pertencentes aquele partido.

Como membro do partido socialista era exactamente isso que Oliveira Martins, não queria,além de precisar duma pessoa que soubesse cativar os descontentes e os radicais, para resistir aos grupos partidários mais poderosos.

O prestígio de Oliveira Martins, independentemente das sua qualidade enquanto, engenheiro responsável pela construção de caminhos-de-ferro, advinha dos seus livros sobre aspectos históricos da vida portuguesa e ibérica.

Já em 1886, eleito deputado por Viana do Castelo e chamado Luciano de Castro a formar governo, não entrará no governo progressista porque as Finanças (a «Fazenda») são dadas a Mariano de Carvalho e ele recusa as Obras Públicas.

José Dias Ferreira, era deputado pelo círculo de Aveiro, eleito pelo seu prestígio pessoal.embora o partido Constituinte que havia fundado já não existisse. Professor da Universidade de Coimbra, um dos advogados mais ricos do País e grão-mestre da Grande Loja dos Maçons Antigos , era aos 55 anos o homem indicado segundo Oliveira Martins.

Face a essa situação, o rei D. Carlos , resolveu chamá-lo a formar governo

O convite foi aceite e esta solução extra-partidária e de iniciativa real ficou conhecida como o governo da acalmação partidária .

Aparentemente os papéis estavam invertidos, não foi o chefe do governo a escolher ministros, foi um ministro que escolheu o seu chefe.

Mais uma vez, tudo passava pelo rei, mas ele não podia, ou evitava, impor a sua vontade. Os políticos negociavam através do rei, mas não se lhe submetiam.

  • Janeiro,17-O Governo de Dias Ferreira

Este governo chefiado por Dias Ferreira, (bisavô de Manuela Ferreira Leite, que foi ministra das Finanças do governo de Durão Barroso), foi o governo da história recente da monarquia constitucional, que sujeitou o País a políticas mais violentas.

O governo foi apresentado a 18 de Janeiro de 1892 e logo a 30 desse mês Oliveira Martins, apresenta ao país "a extensão das nossas amarguras", equivalente a um défice de 10.000 contos, equivalente a 25% das receitas e uma dívida de 23.000 contos. Para evitar a bancarrota, fora propostas algumas medidas

* lançamento duma taxa entre 5 a 20%, sobre ordenados, soldos e pensões
* dedução de 30% nos juros de dívida pública interna
* adicionais de 10 a 20%, à contribuição pessoal, sumptuária, rendas de casa e industrias
* corte em todas as despesas supérfluas de serviço público, como por exemplo o subsídio ao teatro S.Carlos
* suspensão indefinidamente das admissões na função pública
* estabelecer um acordo com os credores externos, para renegociar a dívida.

Também o rei, se solidarizou com a nação, cedendo 20% das suas despesas a inserir no orçamento, chegando mesmo a propor, uma nova fonte de receita, aos seus ministros, a instituição de um "bilhete de identidade"de apresentação obrigatória, pelos cidadãos em todos os actos públicos, contas por alto feitas por ele e a 100 réis cada bilhete, poderia render ao Estado cerca de 1000 contos num ano.

O deputado Ferreira de Almeida propõe novamente a venda das colónias para se fazer face ao défice , excluindo da venda apenas Angola e a Índia.

Havia algumas ideias, muito embora estas não tivessem seguimento, a miséria grassava no país e tornava-se necessário tomar medidas.

Com estas propostas Oliveira Martins também pretendia intimidar os partidos no parlamento, por forma a obter alguma acalmia política.